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09/02/2020 às 11h00min - Atualizada em 09/02/2020 às 11h00min

Desafios e autodescobertas

ALICE GUSSONI
Foto: Marcel Gussoni
Um fenômeno misterioso tem acontecido na minha time line nos últimos meses. Nada inédito, acredito. Se trata de uma imensa quantidade de “desafios” lançados. Convites que nos incitam a dar nosso máximo por uma quantidade limitada de dias para trazer uma melhoria em alguma área específica da vida. Desafio da prosperidade, desafio 21 dias de autocuidado, desafio magra em 40 dias, desafio da criatividade, etc. No começo confesso que a ideia me pareceu irresistível, mas depois de experimentar dois ou três desses convites, muitas reflexões apareceram.

Se você já foi a uma nutricionista, passou pela experiência de fazer uma lista com tudo que comeu em um dia. Ver no papel a realidade do que você está fazendo, já te posiciona em um outro papel, o da autorresponsabilidade. Perceber com clareza os resultados do que você vem fazendo, é ganhar um grande poder sobre a própria vida.

Temos a tendência de acreditar que a nossa realidade é fruto de condições do ambiente em que estamos e influência das pessoas com quem convivemos. Acreditamos até no destino, mas poucas vezes nos colocamos no centro da responsabilidade dos acontecimentos. Pra cair melhor essa ficha, pense em algo de desagradável que vem te acontecendo. Depois experimente descobrir o que você pode estar fazendo para atrair ou permanecer nessa situação.

Mas voltando aos desafios, quando você se propõe uma mudança, você começa a olhar pra ela. Colocar nome, vontade, prazos. Descobri então como é fundamental a ferramenta da intenção. Colocar seu sincero querer em um papel, é um grande adubo para que boas sementes no futuro frutifiquem.

Outra reflexão interessante sobre os desafios, é que se propor a fazer coisas novas é uma festa! Não pensar no medo, não pensar que não tem talento, não pensar. Experimentar como você pode se divertir em uma aula de dança, canto, pintura, culinária. A gente se reprime muito por achar que pra fazer algo criativo é preciso ter talento. Mas o que precisamos fazer é simplesmente praticar, se divertir conhecendo, sem vergonha de ser aprendiz. Por ter sido professora de artes por uns anos, percebi que essa vergonha de errar é como uma bigorna amarrada nos nossos pés. Se você deixa ela pra trás, vive toda uma nova experiência. Sente alegria e prazer em fazer, pura e simplesmente. Adultos também precisam brincar. E pra conseguir isso, é preciso desafiar-se, atrever-se.

Um bom desafio te tira da zona de conforto e te dá surpresas deliciosas. 

Tenho um amigo que nunca cozinhou, achava que era muito difícil, coisa pra gente entendida. Um dia o desafiei a fazer massa caseira. Claro que existiu uma grande resistência. Claro que ele achou que eu era louca. Que ele não conseguiria. Que ia ficar horrível. Que era melhor pedir um delivery. Mas foi, relutante e inseguro. Sovou a massa com respeito, esticou as tiras com uma garrafa de vinho, por falta de equipamentos. Cortou os fios de tagliatelle com a faca, “come faceva la nonna”. Cozinhou com medo, pescando os fios que subiam com a água borbulhante. Depois comeu com a cara de felicidade e triunfo de um desafio lindamente superado. Foi lindo de se ver.

Se você nunca testou fazer massa caseira porque acha difícil demais, está perdendo esse prazer. Se você já faz, quero te inspirar a saborizar a massa. A receita de hoje, portanto, é um desafio. Massa fresca aromatizada com raspas de limão.  Pra complicar eu sugiro fazer recheada, mas você pode fazer um simples alho e óleo e se deliciar com sua criação. 
 
Ravioli de abóbora e queijo
 
Ingredientes

Para a massa:
– 6 ovos
– 600g de farinha
– Água, se necessário
– Raspas de 2 limões
– Pimenta do reino
 
 Para o recheio:
 
– 1/2 abóbora cabotiá
– 1 xícara de parmesão ralado
– Pimenta do reino
– Sal
 
 Para finalizar:
 
– Manteiga
– Sálvia
 
Modo de preparo:
Misture os ovos e a farinha até formar uma massa homogênea. Acrescente as raspas de limão e pimenta. Cubra com filme plástico e deixe descansar por 20 minutos. Cozinhe a abóbora, retire da casca e amasse. Misture o parmesão, a pimenta e ajuste o sal. Corte a massa em porções, enfarinhe e passe na máquina para esticá-la. Se for usar a maquininha, passe cada pedaço de massa, do mais grosso ao mais fino. Eu, por exemplo, passei todos os pedaços no 1, depois fui até o 4. Se for esticar a massa com o rolo, tente fazer o mais fino que conseguir. Lembre-se sempre de enfarinhar os dois lados da massa para não grudar na superfície da mesa. Quando a massa estiver numa espessura fina, coloque sobre ela uma colher de café de recheio, deixe uma distância de dois dedos entre cada recheio. Molhe o espaço entre os recheios com água para colar a massa que você vai sobrepor. Aperte bem esses espaços entre os recheios. Corte as beiradas, o meio, depois finalize cortando os quadradinhos. Enfarinhe e reserve. Ferva água com sal. Para essa quantidade de massa usei 4 litros de água e uma colher de sopa de sal grosso. Quando ferver, coloque os raviolis, misture delicadamente para que elas não grudem uma nas outras. Cozinhe por 5 minutos. Em uma frigideira grande coloque aproximadamente 3 colheres de sopa bem cheias de manteiga, um punhado de folhas de sálvia. Deixe dourar levemente. Coloque os raviolis cozidos e escorridos na frigideira. Misture delicadamente, rale um pouco de parmesão por cima e sirva.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 
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