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21/08/2019 às 08h30min - Atualizada em 21/08/2019 às 08h30min

'Chernobyl'

KELSON VENÂNCIO
Foto: HBO/Divulgação

Apesar da catástrofe provocada pelo acidente de 1986, o desastre na usina nuclear de Chernobyl sempre foi explorado através de documentários e reportagens jornalísticas, o que faz com que muitas pessoas talvez não conheçam todos os detalhes do que aconteceu naquela época na extinta União Soviética. E apesar desse acontecimento ter entrado para a história, nunca foi explorado de uma forma tão brilhante e aprofundada como nesta série da HBO.

“Chernobyl” é simplesmente uma produção incrível com locações extremamente fiéis e uma fotografia de encher os olhos. Estas duas características tão marcantes fazem com que o público se transporte para aquela noite trágica e viva os momentos tão dolorosos que as vítimas passaram. A sensação de estarmos em um local tranquilo que começa a ser devastado pela radiação num cenário pós-apocalíptico é presente em todos os cinco episódios da série. A riqueza de detalhes na usina e da área afetada pelo acidente é de encher os olhos.

Mas o que mais chama a atenção é a condução da narrativa criada por Craig Mazin, com uma bela direção de Johan Renck. A história, apesar de bem conhecida por muitos, é crescente e nos envolve a cada minuto que passa nos deixando tensos e ansiosos para saber o desfecho do que estamos assistindo como se fosse uma trama fictícia, mesmo sabendo que não é e com um final que conhecemos.

O mais interessante do roteiro é que ele nos apresenta elementos novos daqueles que já vimos já que logo de cara, nos primeiros minutos, vemos a explosão e logo em seguida é que podemos aprofundar na história que nos mostra diversos personagens que fizeram parte desse acontecimento. Os bombeiros que morreram tentando apagar o incêndio. Os voluntários que deram a vida para que o desastre fosse bem menor do que poderia ser. Os inocentes que não morreram na hora, mas tiveram sérias consequências ao longo dos anos após a explosão. Os cientistas que lutaram para tentar solucionar algo extremamente complexo. Os governantes que tentaram minimizar e esconder a gravíssima situação para o resto do mundo.

E entre todos estes personagens temos um show de interpretações, desde os coadjuvantes até os protagonistas da série. Cada ator trabalhou de forma brilhante, mesmo sem ter tido um tempo grande para atuar. É o caso, por exemplo, dos funcionários comandados por Anatoly Dyatlov interpretado por Paul Ritter. Enquanto acontece o teste nuclear que mudaria a história do planeta, estes personagens são tão convincentes nos mostrando o medo, a tensão e a pressão pelos quais passaram naquela noite que a gente se transporta para aquela sala de comando assistindo a cena. Mas é claro que temos que destacar o trabalho do elenco principal, especialmente dos atores já conhecidos como Stellan Skarsgard, Emily Watson e principalmente de Jared Harris que faz do cientista Valery Legasov um dos melhores papéis da vida dele.

Chernobyl é uma série que, como a catástrofe na Ucrânia, também vai entrar para a história do entretenimento como uma das melhores séries que já assistimos. Os cinco episódios com aproximadamente uma hora de duração cada passam voando e em especial o último foi feito para fechar o seriado com chave de ouro. Um julgamento que mostra o desfecho de tudo que assistimos e ao mesmo tempo nos leva, em forma de flash back, para dentro da usina nuclear para viver cada segundo do que aconteceu naquela triste noite.

Nota 9

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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