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18/01/2024 às 08h00min - Atualizada em 18/01/2024 às 08h00min

Diálogo saudável

IVONE ASSIS
Desde que a pandemia da covid-19 assolou o mundo, mais e mais empresas, de variados nichos, têm instituído projetos que primem pela Felicidade como estratégia de negócios. Como exemplo, tem-se a Amazon, a Google, a Heineken... Esta última, no início de 2023, propôs aferir, por meio de pesquisa, a felicidade de seus 14 mil funcionários. Trata-se de uma abordagem voltada para a satisfação do indivíduo, quanto às suas emoções e os seus sentimentos.
 
Se for perguntado à população mundial: “Como você está?”, poucos dirão: “Estou muito feliz”. É que, em geral, não colocamos as emoções em primeiro plano; dizemos se estamos bem ou não, quando o trabalho, a vida financeira e similares vão bem, e nos esquecemos de que o nosso interior é o principal. As emoções podem ser positivas ou negativas, e impactam diretamente na qualidade do trabalho. Nossa capacidade de criação e de produção é muito maior e melhor quando estamos felizes. Assim sendo, não é de se surpreender que empresas futuristas estejam preocupadas em avaliar esse ponto em seus funcionários. Afinal, eles são a representação de seus produtos.
 
Muitos são os caminhos que conduzem à felicidade e, pensando nisso, a cervejaria Heineken lançou a “Diretoria de Felicidade”, a qual tem por objetivo medir a felicidade dos empregados em um curto espaço de tempo quinzenal. Apesar dos esforços e objetivos, quando se trata de Felicidade e de atenção à saúde física e mental, sabemos que essas coisas não são dosadas em copos ou cápsulas. No quesito felicidade, essa empresa também pretende assistir, em uma década, um milhão de jovens em situação de vulnerabilidade.
 
Em sua obra “Ética a Nicômaco” (Nova Cultural, 1991; v. 2, p. 16) Aristóteles assegura que Felicidade é “como uma atividade da alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais completa. Mas é preciso ajuntar ‘numa vida completo’. / Porquanto uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco; e da mesma forma um dia, ou um breve espaço de tempo, não faz um homem feliz e venturoso”.
 
Entendemos que esse acordar para a felicidade, a partir desses primeiros passos, despertará o ser humano para uma vida menos consumista e mais comprometida com a felicidade.
 
Segundo pesquisas, “86% dos funcionários mudariam de emprego por saúde mental”, os números evidenciam a urgência para a mudança cultural nas empresas, a fim de lembrar que as pessoas não são máquinas, portanto, a saúde psicológica deve ser nutrida, não só no trabalho, mas também em casa, na escola... em todo lugar que faz parte do cotidiano do sujeito.
 
A saúde, sobretudo a mental, não deve ficar à mercê das campanhas de setembro amarela, outubro rosa, novembro azul e outros. O indivíduo deve estar sempre em evidência, por isso é essencial que haja políticas eficazes e discussões saudáveis a todo tempo.
 
Essa preocupação deve vir das esferas governamentais, da tecnologia, das empresas e instituições, dos lares e do próprio indivíduo. Quanto mais envolvimento, melhor o resultado.

O altíssimo nível de ansiedade afeta um número assustador de pessoas. A felicidade é o objetivo de cada um, e alcançar esse bem é um processo árduo. Falhar nesse ponto é remeter as pessoas para síndromes, depressão, ansiedade e tantos outros males.
 
A Síndrome de Burnout, por exemplo, é um desses males resultantes do estresse crônico no trabalho, como reflexo do fracasso de gerenciamento, o que resulta em exaustão; negativismo e/ou cinismo; ineficácia e insatisfação. A chave da virada, com certeza, está em diálogos saudáveis, capazes de motivar o indivíduo a novas estratégias, ações e reflexões.

Ninguém veste felicidade em ninguém, mas todos podem desenhá-la, costurá-la e presentear o outro e a si, na expectativa de que a felicidade seja vestida, usada, exercida. A felicidade não depende de seguidores, e sim, depende de seguirmos nossos propósitos.
 
A arte de se comunicar pode produzir caminhos que conduzem à felicidade, por meio do diálogo saudável.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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