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14/12/2023 às 08h00min - Atualizada em 14/12/2023 às 08h00min

Fórmula mágica

IVONE ASSIS
Diariamente, o noticiário nos apresenta um cenário de guerra, seja entre nações, entre comunidades, entre pessoas, ou guerras internas. Todos estão sujeitos a conflitos ou guerras, a todo instante. Alguns entram e saem, vencendo o monstro que acordou dentro de si, mas, a maioria, passa a alimentar tal monstro e, quando menos se espera, encontra-se perdida no labirinto, só os dois: monstro e pessoa. E a razão de mencionar a pessoa por último não é por acaso. Quase sempre, o próprio Eu é aprisionado sem data de soltura.

Ao notar que seus pacientes acometidos de depressão sofriam de autonegação, e querendo encontrar uma forma de compreender esses indivíduos e sua reação e interpretação de mundo e de si, o professor e psiquiatra norte-americano Aaron Temkin Beck, desenvolveu, na década de 1960, a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC).

De suas pesquisas, surgiram livros e modelos que servem de base para os estudos atuais e servirão, igualmente, para os estudos futuros. O seu modelo cognitivo da depressão, por exemplo, apresenta uma terapia de curta duração, com foco no presente e na solução imediata do problema, por meio de uma espécie de faxina de pensamentos, os quais refletem no comportamento do sujeito.

Com essa reestruturação, a TCC procura auxiliar o indivíduo em sua mudança de crenças básicas, em relação a si, ao outro e ao mundo, uma vez que emoções e comportamentos, crê-se, são guiados pela interpretação do ser. Por exemplo, no mundo corporativo, uma convocatória pelo superior poderá desencadear no convocado o medo e a crença de que ele sofrerá uma reprimenda por sua incompetência ou algo pior, porque ele é incapaz de se ver chamado para receber os parabéns por algum feito memorável. Nas corporações, é comum funcionários de chão de fábrica apresentarem grandes ideias, e estas serem creditadas somente aos chefes de departamentos. Mas, toda ideia vem de uma só cabeça, depois é que ela passa a ser ampliada pelos demais.

As crenças resultam em comportamentos, cujo desfecho pode ser emocional ou fisiológico. Quando algo está errado, uma boa orientação no trabalho ou na vida, é um bem que recebemos e não uma catástrofe. Isso não diminui ninguém, pelo contrário, enaltece-a, pois é sinal de que o outro se preocupa com aquele ser e não desiste dele, por isso quer ajudá-lo com um norte, porque quer vê-lo bem.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica estruturada, instrucional e para execução imediata, aplicável ao tratamento psicológico, de transtornos psiquiátricos e afins. Se o indivíduo age segundo o seu pensar, a resolução para seu problema só poderá ver do alinhamento desses pensamentos, que refletirão em sua conduta, enfraquecendo a negatividade e fortalecendo a positividade, no contexto da vulnerabilidade biológica do ser, a fim de construir comportamentos funcionais.

De acordo com Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar, na obra “Terapia do esquema: guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras” (2008, p. 17): “Os pesquisadores e profissionais do campo cognitivo-comportamental têm alcançado excelentes avanços no desenvolvimento de tratamentos psicológicos eficazes [...], incluindo muitos transtornos de humor, ansiedade e uso excessivo de álcool e drogas”. São tratamentos “de curto prazo (em torno de 20 sessões) e concentram-se na redução dos sintomas, na formação de habilidades e na solução de problemas atuais na vida do paciente”. Sendo este procedimento uma das ferramentas necessárias para um processo de tratamento que envolve muitos profissionais e muitos quesitos, sobretudo, muita determinação do paciente. E nesse caso último, ele mesmo ainda não sabe disso. É preciso dar tempo ao tempo e ter persistência e diálogo. O que eu quero dizer é que existem tratamentos, existem excelentes literaturas e profissionais, o que não existe é fórmula mágica.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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