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21/10/2023 às 08h00min - Atualizada em 21/10/2023 às 08h00min

A Nova Era e a Revolução Cultural – Parte III

EDMAR PAZ JÚNIOR
Foto: Reprodução/Internet
Não pretendo tratar aqui nessa coluna sobre especificidades acerca da guerra entre Israel e o Hamas, uma vez que não sou especialista no assunto, e tampouco entendo todas as circunstâncias que permeiam uma luta travada entre esses povos há milênios. 

A questão que gostaria de apontar, reside justamente na denúncia que o professor Olavo fazia, há pelo menos trinta anos, sobre a forma como essa ideologia progressista, movida em sua raiz pelo gramscismo cultural, conseguiu produzir milhares de mentes que não conseguem refletir sobre a sua realidade concreta, seus parâmetros de comparação e, consequentemente, o resultado como produto de suas convicções e opiniões são cada vez mais caóticos e distantes de soluções eficazes para suas vidas. 

Infelizmente, hoje, têm-se produzido cada vez mais pessoas que só conseguem pensar de maneira dicotômica, ou seja, de que praticamente todas as coisas que envolvem nosso cotidiano funcionam com apenas dois caminhos: se você está de um lado, automaticamente não está do outro. Tive um exemplo esses dias no trabalho, quando um colega perguntou se eu apoiava a Ucrânia na guerra contra a Rússia, e respondi que não. Automaticamente ele disse então que eu apoiava a Rússia. “Também não”. A sua expressão de indignação e incredulidade foi tragicômica: “como assim você não tem lado?”. 

A minha resposta, que talvez devesse ser mais comum do que normalmente é, foi a de que não obtenho as informações necessárias para entender sobre aquele assunto específico, e mais, é algo que no momento foge do meu interesse, pois não trabalho com esse assunto, e também não tenho trabalho acadêmico por fazer sobre; ou seja, eu realmente não preciso “conhecer” sobre esse assunto nesse momento, justamente porque não interfere diretamente em minha vida.

Umas das ideias do Professor Olavo sobre o gramscismo cultural, talvez a que mais importa para tal ideologia, seja a forma como mudam o senso comum da população de forma geral, a ponto de não conseguirem perceber distorções e incoerências entre a realidade e aquilo que pregam. Um outro exemplo versa sobre o aborto, e sem adentrar no mérito do assunto, enquanto a Igreja o repudia veementemente, muitos que se dizem cristãos, caem nas narrativas de que o assassinato de bebês se trata de uma política pública urgente, pois muitas mães pobres não têm condições de criar seus filhos e procuram clínicas de aborto clandestinas. Isso por si só já se torna destoante, primeiro porque o procedimento não é de forma algum seguro para a gestante, seja numa clínica oficial ou não; segundo porque se trata, na verdade, da própria gênese da eugenia, um “holocausto silencioso”.

Mais interessante ainda, foi quando uma Ministra de Estado, no governo anterior, sugeriu que para “combater” essas gestações “indesejadas”, fosse ampliado o debate com as crianças sobre como a Igreja prega a Castidade e também como isso é benéfico para as famílias. A resposta da “turba sanguinária” foi quase uníssona: um absurdo “como vamos proibir as crianças de fazer o que querem?”. Ora, será que porque não é para que as crianças e adolescentes caiam nesse mundo de luxúria e sexo desregrado? E mais, o óbvio, ninguém consegue fazer absolutamente tudo o que quer. Ainda, um dos grandes motivos desse caos que vivemos hoje reside justamente na desestruturação das famílias, de forma que, frutos de relações defeituosas e incompatíveis, muitas crianças crescem desordenadas, sem saber qual o valor de cada coisa e em qual lugar devem ser postos. Desse modo, temos uma defesa do indefensável, sem que percebam se tratar de algo abominável.

Algo parecido tem acontecido em relação à guerra no oriente médio. De um lado temos Israel, um Estado Democrático – vamos utilizar dessa cartada também, já que a maioria dos progressistas usam isso como blindagem argumentativa para suas ideias, de que tudo vale pela “manutenção do Estado Democrático de Direito” – e que permite a convivência pacífica de muçulmanos em seu território (cerca de 20% da população de Israel é muçulmana); do outro, um grupo terrorista que deliberadamente quer “exterminar” um povo – acredito ser de conhecimento de todos o que aconteceu ainda “ontem” na Alemanha... –, e  que não aceita que judeus vivam em suas terras, simplesmente matando-os. Ora, não é muito difícil entender o que se passa aqui, mesmo que as causas dessas disputas sejam tão antigas, é fato que estamos novamente diante de uma página triste da história da humanidade. A paz, como diz Ortega y Gasset, não “está aí”, precisa ser construída e mantida.

O que sempre falamos aqui nesse espaço é justamente sobre a necessidade de se olhar para a realidade e tentar fugir dos lugares comuns. Um dos grandes ensinamentos do Professor Olavo é sobre o “voto de pobreza” de opiniões: não somos obrigados a saber sobre tudo ao mesmo tempo, e desejar fazê-lo só prejudica nosso potencial naquilo que realmente sabemos fazer. 
 
A Nova Era e a Revolução Cultural, Olavo de Carvalho.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
 
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