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27/07/2023 às 08h00min - Atualizada em 27/07/2023 às 08h00min

Peixe fora da água

IVONE ASSIS
Eu nasci antes da interface gráfica dos softwares, por isso posso maravilhar-me com todo o processo evolutivo da tecnologia. Quando saímos dos caracteres para a imagem, pensei que nada melhor poderia surgir, mas, antes que aprendesse a dominar o mouse, já havia coisa nova. E assim se fez até aqui, quando começamos a usufruir da Inteligência Artificial (IA), inclusive na criação artística. Lembro-me das minhas primeiras criações gráficas e das minhas primeiras restaurações de imagens. Quanto sacrifício! Hoje, com alguns cliques, ou algumas passadas de caneta sobre a mesa digitalizadora, ou ainda com um prompt bem elaborado, temos resultados surpreendentes. Ao analisarmos o equipamento, o software e o produto finalizado, embora tenhamos conseguido o esperado, ficamos a desejar ainda mais da tecnologia. Isso só nos mostra o quanto somos insaciáveis no campo do conhecimento.

A maior parte das novas tecnologias, no setor da comunicação, da informação e da visualização, surgiu de 1970 para cá. Em 1995, vibramos com a chegada da Internet e da telefonia móvel, e mais recentemente a televisão migrou de analógica para digital. Perguntávamos sobre como seria tudo aquilo, agora, ficamos a nos perguntar “Como viver sem celular e sem internet, sobretudo no mundo corporativo?”. Fomos da digitação e impressão de textos para os emails, passando pelos PPS’s, migrando para os blogs e sites, até chegar nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens.

Agora é o início da exploração da IA (Inteligência Artificial). Cada inovação vem com novas possibilidades de veiculação, sempre com o aporte de um computador. Lembrando que os computadores já não se resumem a um desktop, simplesmente. Esse novo mundo tecnológico mudou a rotina e o formato da experiência humana, e como estamos no ano 2023, daqui a um século, as gerações presentes irão rir-se da nossa surpresa diante da atual tecnologia, por se tratar de algo já obsoleto em comparação ao que existirá. Assim como nós, desta geração Indústria 4.0, da Revolução Industrial, ficamos a “caçoar” da 1.0 até chegar aqui. O fato é que a criatividade é uma engrenagem em constante movimento, e quase tudo o que temos hoje, e quase tudo o que o futuro trará, será com base na que houve um dia, muito antes de Cristo. As ideias nascem e vão sendo esmeriladas e aperfeiçoadas... e isso é por toda a existência. O novo vem para desafiar o que o antecede, assim como acontece entre pais e filhos, por isso se chama geração.

O mundo digital revolucionou o “mass media” (mídia de massa) a que estávamos acostumados, passando do teatro para o rádio, deste para a TV, para o cinema até chegar ao mundo digital que temos agora. Nenhum invalida o outro, apenas revoluciona as formas individualizadas de produção e difusão, exigindo adaptação do estoque (informação ou produto). Pensemos no mercado de trabalho, no mercado cultural e no sistema educacional de ontem e de hoje. Ainda tivemos um empurrão da pandemia Covid-19 que obrigou o mundo a reformular todas as ações. Tudo isso é incrível, tecnologicamente falando.

De Johannes Gutenberg à Inteligência Artificial, o que temos é o registro e a execução das ideias, sobre as inquietações e expectativas, as quais se montam e remontam desde o surgimento da humanidade. Todos os dias, são milhares de novos títulos de livros ganhando vida. São autores abordando preocupações e apontando possibilidades em todas as áreas. O livro, possivelmente, terá muitas novas roupagens, mas a essência será a mesma. E é por meio desse registro de ideias que novas possibilidades surgem, porque o aprendizado é essa mola propulsora de remodelagem.

Porém, todos os feitos giram em prol do bem viver, estamos sempre em busca de um facilitador, e isso abre, cada vez mais, campo para aqueles que escrevem, pensam e agem em favor das emoções e do bem-estar do ser humano. Sinal de que a máquina existe não para substituir a humanidade, mas, sim, para servi-la. Se eu fosse congelada hoje e descongelada daqui a 500 anos, com certeza, seria um peixe fora da água.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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