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27/05/2023 às 08h00min - Atualizada em 27/05/2023 às 08h00min

Subversão – Parte III

EDMAR PAZ JUNIOR
Foto: Reprodução/Internet
Quando Bezmenov apresenta os primeiros estágios desse processo de “ataque” à sociedade que se pretende dominar, podemos perceber que os dois últimos são uma espécie de consequência dos dois primeiros. O que ele quer dizer, em certa medida, é que após os primeiros passos, os seguintes acontecem quase que automaticamente. Scruton ensina que o processo de construção de uma sociedade leva sempre mais tempo do que sua destruição. O que vem depois da desmoralização e da desestabilização, é a crise destrutiva que abre espaço para a tomada do poder por aqueles que pretendem fazê-lo. 

“Ocorre a Crise quando a sociedade já não consegue funcionar produtivamente – ela colapsa. Portanto, a sociedade inteira fica à espera de um ‘salvador’. Grupos religiosos começam a esperar por algum ‘messias’ (lembre-se do vídeo do presidente Lula ao lado de um crucifixo e dizendo “você vai voltar...eu já voltei, e juntos vamos governar esse país”). Os trabalhadores dizem: ‘Temos famílias para sustentar! Que venha um governo forte, socialista talvez, centralizado’; ‘Alguém que ponha esses patrões no seu devido lugar e nos deixe trabalhar’(...) – um ‘salvador’ é esperado, aqui a população já está adoentada e exausta”. 

Neste ponto, segundo o autor, entra a atuação de um país estrangeiro ou de um grupo local de esquerdistas ou marxistas, não importando a denominação que usam – pois se tratam de camaleões, mudando de acordo com a necessidade. O que acontece em nosso país, hoje principalmente, é essa narrativa de que existe um “nós contra eles”, que fomentado pelos políticos e ideólogos de esquerda, nada mais faz que promover a divisão dos brasileiros. Perceba, é sempre o “pobre contra o rico”, “branco contra o negro”, “hétero contra os homossexuais”, numa luta sem fim, que não passa de “encenação” política para influenciar massas a seu bel prazer.

Depois de ascender ao poder, os novos governantes já não precisam mais de crises e começa então o estágio de normalização. “Eles não precisam mais de qualquer radicalismo, e aí ocorre a reversão da Desestabilização. Basicamente consiste em estabilizar o país – à força. Agora, todos os ‘dormentes’, todos os ‘ativistas’, e os ‘assistentes sociais’, e os ‘esquerdistas’, e os ‘gays’, e os ‘professores’, e os ‘marxistas’ e os ‘leninistas’ são eliminados – fisicamente, às vezes. Terão cumprido o seu trabalho, ninguém precisa mais deles.”

Deve-se levar em conta que essas ideias descritas pelo autor, remontam à década de 80, e que muitos métodos foram “aprimorados”. Os próprios políticos de esquerda dizem que foi uma imensa vantagem a queda do muro de Berlim, pois o que para muitos significou o fim do comunismo, na verdade foi a maior camuflagem que se poderia ter: “comunismo?! Imagina, o muro caiu. Isso ficou para trás!”. 

Hoje têm-se muitas outras formas de se promover não mais a Normalização, mas sim uma verdadeira “supressão” de vozes opositoras – vide o caso da Dra. Ludmila Lins Grilo. Um processo bem mais “sofisticado”, que se utiliza do próprio poder, através de decisões judiciais, para calar aqueles que se propõem a fazer oposição, permitindo que apenas um lado “fale”, e de certa maneira, abrindo largo caminho para ascender aos cargos de poder.

Aqui entra em cena também uma grande arma utilizada por aqueles que aspiram o domínio: a propaganda. Percebe-se, nessa questão, o conceito de se falar algo que não condiz com a realidade. Um bom exemplo que temos no Brasil, é justamente quando os partidos de esquerda dizem que a “direita” não quer acabar com a desigualdade, ou ainda que querem aumentar a pobreza, “que beneficiará apenas as classes mais altas em seu governo” – na verdade, esses números já o são alarmantes e aumentam exponencialmente quando a esquerda assume o poder. Ou seja, criam um cenário futuro hipotético e irreal, quando na realidade acontece exatamente o contrário já no tempo presente: quando governos conservadores assumem, há uma visível diminuição na desigualdade, com o aumento de riqueza dos mais pobres. É literalmente um show de ilusionismo.

Uma sociedade fragilizada em seus princípios basilares não consegue sustentar aquilo que acredita, de tal forma que o sentimento de pertencimento ao grupo fala muito mais forte que os valores e virtudes que devem ser difundidos na sociedade. Quando esses valores são relativizados – como por exemplo, a justiça –, vemos situações em que um “defensor dos direitos humanos” preza mais pela saúde física de um estuprador, do que os danos e efeitos sofridos pela vítima, sejam físicos ou psicológicos; caiu-se assim, no “conto” da responsabilidade social – onde o criminoso é vítima da sociedade – em detrimento da individualização da conduta criminosa. 

É possível ver um traço desses métodos que tornaram a sociedade brasileira numa espécie de moribundo anestesiado, quase que completamente sedado, que não consegue distinguir mentiras de realidade. Credito, em parte, aos meios de propaganda que têm como missão turvar a mente das pessoas ao que realmente importa, principalmente quando fazem jogos de palavras ou usam meias-verdades como fatos absolutos.

Bezmenov alerta que esse tipo de pensamento não necessariamente tenha sido criado pelos comunistas, mas são larga e amplamente divulgados e difundidos nas sociedades ocidentais, causando os colapsos de princípios. O que se mostra viável, como solução amenizadora dos danos causados por esse processo de subversão que uma sociedade é submetida, passa necessariamente pelo fortalecimento cultural da população, principalmente através da disseminação de informações do que realmente acontece nos países que adotaram o socialismo como modo de governo. A pobreza e a desigualdade não são produtos do “capitalismo desenfreado”, como dizem, mas sim de uma pretensa falsa distribuição de riquezas, mas que se torna numa centralização de dinheiro e poder. Entender esse mecanismo de tomada de poder, em que as informações são distorcidas com a intenção de se produzir crises, permite refinar a percepção da realidade à qual estamos inseridos, possibilitando que um número cada vez maior de pessoas não caiam mais tão facilmente nas mentiras contadas por aqueles que querem o poder somente pelo poder. Como diz Sowell, “para aqueles que querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-los”.

Subversão, Yuri Bezmenov.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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