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20/05/2023 às 08h00min - Atualizada em 20/05/2023 às 08h00min

Subversão – Parte II

EDMAR PAZ
Foto: Reprodução/Internet
Terminei o último texto falando acerca das etapas do processo de subversão, nas quais os agentes trabalhavam para que fossem implementadas, em tese separadamente, mas que muitas vezes ocorriam – e ocorrem – concomitantemente. São elas a desmoralização, desestabilização, crise e normalização. 

É interessante notar o que Bezmenov ressalta acerca dos acontecimentos que se desdobram: os russos não produziram absolutamente todas as catástrofes e crises, mas sim que, com um propósito muito bem definido, sabiam aproveitar cada fato a seu favor, enfatizando o que lhe era favorável e camuflando o que não era, principalmente na questão da imprensa, um dos papéis que foi incumbido ao ex-agente. 

Em relação às etapas desse processo, tanto a primeira, a desmoralização, quanto à segunda, desestabilização, compreendem um ataque de várias frentes, numa verdadeira tática de guerra, primeiro por praticamente neutralizar as defesas daqueles que estão sendo atacados através dessa arte de camuflagem, da qual já falei, utilizando, à lá filmes de espionagem, verdadeiras cortinas de fumaça para se tornarem “invisíveis” – é mais fácil combater um inimigo dez vezes mais forte, do que um inimigo invisível. 

Segundo, pela própria divisão de ataques, que, quando quem está sendo atacado percebe, precisa se dividir e desdobrar suas defesas, não podendo concentrá-las num determinado ponto, ficando assim, de modo geral, enfraquecido.

Acredito não ser aleatório que um dos principais alvos nesse processo de “destruição” da sociedade, seja justamente por ser um princípio elementar e que figura como fundamento sólido de qualquer sociedade: as famílias. Não há propriamente uma ideia de “destrua” as famílias, mas sim um conceito de desconfiguração, de tal modo que não se assemelhem em nada com uma, e conforme explica o autor, esse ataque se divide em outras três frentes.

Há o desvirtuamento da religião, através principalmente do politeísmo e do ateísmo, produzindo, como disse C.S. Lewis, “homens sem peito”; quando as pessoas perdem a Fé, e consequentemente a Esperança de que existe um Deus, ficam suscetíveis a acreditar que os seus salvadores são “homens”, quando na verdade, por mais bem intencionados que sejam, sempre erram. Já diz um ditado por aí, “de boa intenção o inferno está cheio”. 

Por mais que essa questão da religião seja um assunto delicado, é preciso olhar com mais atenção, principalmente para os movimentos que ocorreram dentro da própria Igreja Católica, quase que um desincentivo à crença – quando, por exemplo, diz que para atrair mais fiéis precisa se “adequar” aos tempos modernos (um certo ente está dando gargalhadas no último círculo nesses momentos) e, muitas vezes inacreditáveis, defesas de ideias absurdas, como uma “estranha” complacência com o islamismo ou o incentivo velado ao aborto. 

Ou seja, séculos de ensinamentos e uma construção paulatina de conceitos, estudos e dogmas, são subvertidos com a simples ideia de que “o que importa é fazer o bem”, colocando como centro das soluções o próprio homem, mesmo sabendo que essa tentativa falhou miseravelmente em todas as épocas. Esse texto não é um tratado de religião, mas como o autor deixa bem claro, retomar a fé é um dos principais caminhos para o desenvolvimento saudável da sociedade.

Em relação à corrupção da educação básica, tirando o foco daquilo que realmente importa para o desenvolvimento da nação (lembre-se, o que é necessário para eles é que seus alunos aprendam que seus níveis de educação aumentem, enquanto que seus adversários se deteriorem cada vez mais, implodindo-os por dentro das suas próprias estruturas). 

Interessante notar o quão degradante se tornou o ensino no Brasil, que a despeito de realmente ser uma “quase potência” mundial, figura a décadas entre os piores países em qualquer ranking de educação no mundo. É inacreditável gastar o dinheiro que se destina à pasta da educação aqui, e não obter praticamente nenhum resultado satisfatório em nível educacional. 

O Brasil é um dos maiores produtores de artigos científicos do mundo, mas são absolutamente irrelevantes para a comunidade acadêmica internacional – há defesas de teses de doutorado surreais, como por exemplo algo sobre relações entre homossexuais em banheiros públicos e como o funk “bum bum tam tam” é melhor que Bach. Tudo pago com nosso dinheiro, óbvio.

No que se refere à promoção do desarranjo da vida social, muitas vezes incentivando condutas e hábitos ruins – perceba que há um lobby imenso para a liberação do uso de drogas em muitos países, mas isso nem sequer é cogitado em países como Rússia e China; por que será? – existe sempre essa glamorização do promíscuo e da libertinagem, uma vez que acaba sendo um contraposto à ideia de família tradicional, seu principal alvo – farofa da Gkay tá aí como exemplo. 

Outro ponto que pertence à essa etapa de desmoralização social passa justamente pela desarticulação e descrédito da lei e da ordem. Bom, acho que, por hora, dispensa-se mais comentários sobre o estado caótico que vivemos de criminalidade no Brasil. Contudo, é importante salientar, que esse estado de coisas não é algo aleatório. Sempre tive a concepção de que o caos é bem mais propício e favorável para a corrupção, mas quem dera fosse apenas isso. O que vemos, assim, é na verdade a promoção do caos – que os corruptos se aproveitam – mas que tem como fim a implementação de uma ideologia pela “sobra”: quando não houver mais nada que sustente a sociedade, sobra o socialismo.

Há ainda o desajuste das relações trabalhistas, fazendo com que os empresários sejam vistos como inimigos e não como a solução para desenvolvimento social. Esse é um dos ingredientes principais, pois se há o descrédito na iniciativa privada, e a necessidade de se colocar o pão à mesa é inerente à vida, esse provimento precisa sair de um lugar; eis que surge a figura do Estado como “solução” para os problemas, um Estado paternalista que vai prover todas as suas necessidades – mesmo que isso custe todas as suas forças.

Perceba que esses fatos são nítidos e visíveis nos dias atuais, de modo que não dá para simplesmente “tapar” os olhos. Ainda preciso falar sobre as etapas de crise e normalização, e mais dois pontos elementares: os possíveis modos de reversão de cada estágio e o principal meio de implementação desses conceitos: a propaganda e o controle da mente.

Subversão, Yuri Bezmenov.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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