Foto: Reprodução/Internet Há uma ressalva, ou melhor, um aviso elementar desde o início – em certa medida implícito, mas no decorrer da obra, nítido e visível – de que uma das poucas, porém altamente efetiva, formas de se lidar, enfrentar e ordenar o caos que vivenciamos hoje, é justamente através da Igreja.
O autor desse livro, o russo Yuri Bezmenov, foi integrante do Serviço Secreto da ex-União Soviética, a então e conhecida KGB, e descreve através de palestras proferidas na década de 80, a forma como os russos utilizavam a própria força do oponente para subvertê-los. Faz, dessa maneira, uma alusão ao Judô, como arte marcial que utiliza os golpes do adversário para conduzi-lo à sua derrota.
É interessante como, mesmo diante de todos os fatos – ou seja, tudo aquilo que inúmeros escritores, pensadores e jornalistas disseram, mostraram ou indicaram que aconteceria, e que de fato aconteceram – muitas pessoas ainda preferem acreditar que se tratam de “teorias da conspiração”; creditam assim, os acontecimentos reais à ficção enquanto fantasiam irrealidades.
Um bom exemplo sobre isso, é a ideia de extrema esquerda e direita no Brasil. A começar pela confusão dos termos, pois o nosso país é, majoritariamente, composto por conservadores, as pessoas defendem uma ideia sem saber que a defendem. É que Sowell fala no seu “Os Intelectuais e a Sociedade”, quando escreve que muitas pessoas repetem ideias de Marx sem nunca terem lida uma linha sequer dele. É curioso quando perguntamos para algumas pessoas que se dizem conhecedoras do espectro político, se existe ou não comunismo no nosso país. A primeira resposta, de imediato, é a negativa. Ora, essa pessoa, realmente sabe olhar para a realidade? Temos um partido que se denomina “Partido Comunista do Brasil”, mas não há essa ideologia no país? Infelizmente, isso não é incomum, tampouco ao acaso.
Bezmenov conta em sua história, que durante os anos em que frequentou as escolas militares russas, um dos livros, que deveriam ser tratados como espécie de manual permanente, literalmente de cabeceira de cama, era a Arte da Guerra, de Sun Tzu. Nele, há tanto princípios, quanto ideias práticas de como vencer um inimigo, usando inteligência, e quando não há força suficiente, utilizando o próprio oponente para desestabilizá-lo. O que é mais difícil de vencer: um inimigo forte ou um inimigo invisível? O que os comunistas/socialistas fizeram, foi simplesmente se aproveitar da prepotência do Ocidente, que apregoava aos quatro cantos do mundo, sua cultura de liberdade, acreditando ser esse o “objetivo” de todos, permitindo o enfraquecimento de suas linhas defensivas e o status de vigilante, principalmente no campo cultural. Há uma frase atribuída à Thomas Jefferson, um dos “Fouding Fathers” dos EUA, dizendo que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. Falhamos nesse quesito, pelo menos por enquanto.
Para a esquerda, é imensamente mais vantajoso ser encarado como um inimigo que simplesmente não existe, mesmo quando, mais uma vez, todos os fatos e ações evidenciam exatamente o contrário. A chamada cortina de ferro, da URSS, era assim chamada, dentre tantos outros motivos, por sua ora velada, ora explícita – porém sempre incisivas – dominação pelos meios de comunicação: tudo era filtrado, direcionado, medido e convenientemente barrado ou não (isso aos olhos da ideologia, que utiliza as causas que lhe são favoráveis em determinados momentos, podendo simplesmente descartá-las imediatamente após o alcance do objetivo – como grande exemplo, têm-se as causas das minorias, que são unicamente vistas como meios para seus fins, pouco importando depois se serão dadas as devidas atenções ou não).
O que vemos no Brasil é algo incrivelmente semelhante a isso. Perceba, conseguimos ter notícias do que acontece nos nossos países vizinhos? O que é mais importante, claro, guardada as devidas proporções, sabermos tudo o que acontece na guerra entre Rússia e Ucrânia, ou saber sobre a instabilidade política que sempre assolou e assola a América do Sul? Quais países são mais “importantes”, na escala de territorialidade, para nós? E é exatamente por isso, por não ser favorável à causa ideológica, que não sabemos o que acontece, principalmente os movimentos e protestos contra os governos locais da América Latina, em sua maioria esmagadora de esquerda, que evidenciam e demonstram as mazelas do socialismo e que, aplicado na prática, somente resta a pobreza. O domínio sobre os meios de comunicação permite o controle da população, pois conseguem direcionar as “indignações”. Fazem um imenso barulho por conta de um mero cartão de vacina, enquanto uma comitiva presidencial ocupa 57 quartos de um dos mais luxuosos hotéis de Londres, à bagatela de R$1.3 milhões de reais. São as “indignações” seletivas.
O escritor russo explicava, já em 1983, que essa utilização do método de subversão, composto por quatro etapas, estava em pleno vapor desde os anos pós segunda guerra mundial. O itinerário passava por métodos bem definidos e treinados para serem colocados em prática e possibilitar a aceitação dessa “ajuda” salvadora que se fantasiava o comunismo/socialismo: a Desmoralização, Desestabilização, Crise e Normalização.
A questão que apresento, sobre se tratar de uma teoria da conspiração ou não, não pode ser um óbice ao entendimento do que o autor escreve. Veja, tudo o que ele falava que estava para acontecer, e que se mostrou real, faz com que não menosprezemos seus avisos e, ao contrário, enfatizemos suas análises do que pode ser feito para impedir, ou pelo menos na fase em que nos encontramos, amenizar os efeitos e consequências dos métodos subversivos à que estamos expostos. No próximo texto pretendo dar mais exemplos de como, de fato, vivenciamos esse processo.
Subversão, Yuri Bezmenov.
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