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20/04/2023 às 08h00min - Atualizada em 20/04/2023 às 08h00min

Leitor exigente

IVONE ASSIS
Nesta semana, celebramos o Dia Nacional do Livro Infantil, e como é valioso falar sobre leitura e literatura. A boa leitura sempre nos agrega muitos benefícios, e sendo iniciada na infância, seu impacto positivo é muito maior, com certeza. Incrivelmente, e não por acaso, o dia 18 de abril foi escolhido para este evento, pois trata-se de uma homenagem a Monteiro Lobato, que nasceu neste dia, assim como o Dia Internacional do Livro Infantil é comemorado no dia 2 de abril em homenagem a Hans Christian Andersen. Temos aí dois grandes representantes da literatura infantil, sendo um brasileiro e o outro dinamarquês.

O bom livro é um passaporte do mundo ignóbil para o universo do saber. Por meio da leitura melhoramos nossa memória e concentração, nossa capacidade de observação e interpretação, e outros. A imaginação é sempre mais fértil quando a adubamos com boas histórias, e a sabença vem pelo ler e o ouvir. Na vida adulta, as crianças com mais conhecimento tendem a conquistar mais oportunidades no mercado de trabalho e na sociedade, mas vale lembrar que a qualquer idade a leitura é bem-vinda.

A boa leitura pode nos ajudar a encontrar respostas para nossos medos e angústias. A família e a escola são duas poderosas conselheiras nesse setor leitura, mas, não só. Todo adulto, inclusive os autores, é um pouco responsável pela literatura que é ofertada aos pequenos, sem nos esquecermos de que a leitura influencia bastante nas decisões do leitor, em especial, do leitor em formação. O estímulo à leitura não é uma tarefa simples, e exige esforços de todos. Até mesmo o leitor é seu próprio incentivador, isso acontece quando ele compreende o que está lendo, pois isso lhe dá autonomia para discutir o assunto. E é assim que a intelectualidade vai sendo formada.

Um bom livro e uma boa contação de histórias têm o poder mágico de ampliar o repertório do leitor, e despertar nele o desejo de novas leituras. Para os pequeninos que ainda não dominam os signos, o ideal é que, além de ouvir boas leituras, possam folhear os livros, para se ambientarem com as páginas, com o papel, com o cheiro. Se tiver gravuras coloridas, ótimo; se não, tudo bem também. A criança está em fase de descoberta, e tudo é novidade para ela, portanto, tudo tem valor.

Com a maturidade a criança vai fazendo suas próprias escolhas. E essa maturidade não se limita à faixa etária, ela segue a vivência de cada um, enquanto leitor. Claro que existem divisões etárias quando estamos falando de classificação dos livros, mas não precisamos sofrer com isso, desde que a leitura ofertada seja consciente e orientada adequadamente.

Com a chegada da tecnologia digital, vieram novos atrativos para a criança. Os pequeninos amam apertar os botões e ver surgir isto ou aquilo. Contudo, os atrativos externos sempre existiram, aliás, vieram antes do livro (os brinquedos, as brincadeiras...), mas as Contações de Histórias, precursoras a tudo, estas se encarregam de manter o desejo pela literatura.

Creio que haverá um dia, e espero alcançá-lo, em que bastará um pensamento (um desejo), para que o livro se projete diante de nós, no formato que quisermos, e uma voz comece a lê-lo para nós, na tonalidade de voz que desejarmos. Possivelmente, poderemos até usufruir de cenários personalizados e interativos, ainda assim será o livro, e a essência continuará sendo o conteúdo.

Portanto, os formatos sofreram (e sofrerão muito mais) alterações, mas o livro é bom é pelo seu conteúdo, e não pelo seu formato. O poder de persuasão de uma história, sobre o ouvinte, depende da conexão estabelecida entre ambos e, nesse caso, a conexão vem pela interpretação.
Até onde sabemos, os contos de fadas se originaram entre os celtas, primeiro povo civilizado da Europa, cerca de 4.000 a.C., e fazem sucesso até agora. O universo Infantil é um campo inexplorado, quando se trata de literatura. E uma coisa é fato, uma literatura fraca forma um leitor fraco. Uma literatura cautelosa forma um leitor exigente.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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