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22/10/2022 às 08h00min - Atualizada em 22/10/2022 às 08h00min

Como superar seus limites internos

EDMAR PAZ JUNIOR
Ultimamente tenho notado um fenômeno interessante: a grande quantidade de conteúdos disponíveis em várias plataformas virtuais e com acesso ilimitado simplesmente por qualquer pessoa que tenha um celular à mão e com internet – essa que em muitas vezes nem tem custo, já que em algumas praças públicas são disponibilizadas para todos.

Entretanto, acredito ser imprescindível que tenhamos muito cuidado. É um tanto quanto perigosa a ideia de taxar algo de bom ou ruim, de certo ou errado, mas que se torna necessária em alguns momentos, quando nos deparamos com a Verdade. No meio dessa quantidade exorbitante de informações, existe na mesma proporção uma grande parcela de informações ruins e de má qualidade. Uma mentira pode ser agradável, mas isso não a torna verdade.

Não falo aqui, de forma alguma, sobre decidir o que pode ou não ser publicado; cada um é livre para acreditar no que bem entender. O que insisto muito é sobre procurar bons conteúdos, e não sobre proibir que os façam. As redes, assim como nossa vida, são livres para se produzir o que bem entender, cabendo àquele que produz algum conteúdo ilícito ou que fere a intimidade de alguém, ser responsabilizado por isso. Gosto de brincar, sobre a quantidade de informações disponíveis, que quem tem muita informação, acaba por não possuir nenhuma; sufocar-se em notícias, conteúdos e informações de má qualidade, não significa necessariamente saber. É preciso aprender a filtrar. 

Foi completamente ao acaso que me deparei com esse livro, mas logo que vi, percebi que se tratava de um pequeno bom guia, pois tratava justamente de várias situações que aconteciam comigo. A primeira vez que tive contato com informações sobre ele, foi através de uma palestra disponível no YouTube, da filósofa e escritora, Lúcia Helena Galvão, sob o mesmo título do livro, que falava sobre os aspectos, peculiaridades e aprendizados que Pressfield transmite.

Inicialmente intitulado “A Guerra da Arte”, numa alusão à batalha que  enfrentamos contra nosso próprio interior em relação à criatividade, o livro tem uma profundidade tão significativa e interdisciplinar, que talvez por isso, por dizer respeito não somente a profissão de escritor, a organizadora ampliou seu escopo na renomeação da obra.

No livro, o autor explica os mecanismos através dos quais a “Resistência” – nome que dá para as barreiras que encontramos no dia a dia, sejam externas ou internas, que outros autores chamam por outros nomes, como por exemplo, de autocrítica – muitas vezes nos impede de seguir adiante com algum trabalho, porque acreditamos não estar bom o suficiente ou qualquer outro motivo que seja, até mesmo uma bisbilhotada nas redes sociais. Contudo, esse conceito de Pressfield vai bem além de apenas uma limitação, ou um “bloqueio criativo. É algo que verdadeiramente nos desestimula por vários lados e não apenas intelectualmente, como se o próprio ambiente conspirasse para que não conseguíssemos fazer o que nos propomos. 

No entendimento de Pressfield, ao qual corroboro, a Resistência geralmente atua na área em que mais nos destacamos e a que talvez seja aquela em que mais nos desenvolveríamos, até mesmo para nos tornarmos seres humanos melhores. Ela funciona meio que como uma bússola para nosso Dom e nossa vocação: aquilo que ela mais atrapalha é o que mais nos realiza. Ele diz que ela é aquela vozinha interior que muitas vezes ouvimos na nossa cabeça – lembre-se da imagem do anjinho e do outro, um em cada ombro. O ponto interessante que Pressfield diz, é que ela é extremamente ardilosa, e convincente, porque vai buscando meios de nos “atrapalhar” que não são tão tradicionais quanto o que esperamos. Inclusive, umas de suas maneiras mais sutis, segundo o autor, não é o enfrentamento direto, do tipo “não faça o que você tem que fazer”, mas uma maliciosa volta por trás da obrigação: ela diz assim “Eu sei que você tem que fazer isso, mas e se a gente fizer outra coisa antes, para preparar o terreno?”, ou um “Descansa agora e quando retomar, vai estar mais descansado e empolgado pra realizar sua tarefa”. A questão é que, depois, não fazemos o que tínhamos que fazer, porque já desviamos nosso foco do objetivo.

Na terceira parte do livro, a qual denomina “Além da Resistência: O Reino Superior”, o escritor entra no campo religioso, mas não de forma profunda, pelo menos não no sentido de doutrinas religiosas. Explica como assimila alguns ensinamentos, principalmente em relação à questão da imensidão divina, da espiritualidade das coisas, do ambiente e de como incorporou alguns hábitos em sua rotina e que surtiram efeitos positivos para suas obras.

É um livro bem curtinho e adorável de ler, que possui inúmeras frases e insights que nos auxiliam a identificar em quais momentos a Resistência nos atrapalha, e principalmente, suas manobras e artimanhas, o que nos permite visualizar algumas maneiras de enfrentá-la. 

Como superar seus limites internos, Steven Pressfield.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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