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23/07/2022 às 08h00min - Atualizada em 23/07/2022 às 08h00min

A corrupção da Inteligência

EDMAR PAZ JUNIOR
Por muitas vezes nos vemos perdidos e sufocados em meio a um imenso emaranhado de informações e notícias pelos canais de comunicação. Pode-se até, em algum momento, acreditar que por conta do cada vez maior acesso às redes sociais, estaremos sempre diante de novas notícias. A ideia por trás dessa visão seria a de que, por existir um número incessantemente crescente de “olhos” (refiro-me aqui àqueles dispositivos eletrônico capazes de transmitir informações, seja em tempo real ou não) as pessoas teriam a possibilidade de enxergar muito mais situações que acontecem no dia a dia e, assim, a quantidade exorbitante de informações estaria justificada.

Contudo, não é bem isso que acontece na prática. Se olharmos bem a fundo, a imensa maioria das notícias, principalmente da mídia mainstream, notaremos de maneira bem sutil que existe um liame ligando quase todas as informações. Tentam, e muitas vezes conseguem, dar uma “nova” cara à notícias já veiculadas anteriormente, e para quem é um pouco mais aprofundado nos temas que são expostos, como por exemplo política ou economia, é perceptível até que existe um lado, uma parcialidade, por conta da mídia.

O Professor Olavo de carvalho já fazia essa denúncia desde os anos 2000, dizendo que esse movimento de “contra independência” da mídia iniciou-se no final do século XIX e início do século XX, nos EUA, quando os grandes editoriais adquiriram e incorporaram os pequenos jornais independentes, principalmente os do interior do país. A princípio, os editoriais foram mantidos por um tempo, mas depois, sob a desculpa de que havia ficado demasiadamente custoso mantê-los, os fechavam, passando então a possuir um único editorial central que distribuía as informações para suas filiais. A ideia, entretanto, não passava nem perto de economia de gastos, mas tão somente o monopólio das informações.

O que o doutor em Antropologia, Flávio Gordon, tenta demonstrar, sobretudo fundamentado em muitas evidências e fatos disponíveis pela internet à qualquer pessoa, é como se deu o processo de comunização da mídia e da cultura brasileira. Esse processo foi o inicio da derrocada intelectual brasileira, e foi como se a partir de então, paulatinamente o que tínhamos de melhor começasse a não ser mais importante, sendo valorizado o que havia de mais baixo, vulgar e menos produtivo na seara cultural. Assim, todo esse caos que vivemos hoje, é fruto de um longo e, acredite, pensado, trabalho de alguns integrantes da inteligentsia brasileira - todos, claro, de esquerda. 

Você pode estar se perguntando o porquê de haver começado o texto com algo que parece não ter quase nenhuma relação com o título do livro. Mas é justamente essa ideia de monopolização dos canais de informações a principal arma que os progressistas e socialistas usaram para chegar ao poder. Através dela, possuem a capacidade de dominar o jogo, pois determinam o que vira notícia ou não, e principalmente, dominam o poder da linguagem. Para quem já se atentou a isso, é possível notar de forma bem “descarada” essa parcialidade nos dias atuais no nosso país. A mídia nacional possui um lado bem definido, e escreve quase todas as suas matérias com mão canhota.

O autor conta - e friso mais uma vez, demonstrando através de reportagens, de matérias de revistas e até vídeos disponíveis no YouTube -  como os ideais marxistas penetraram, em pleno regime militar, no seio da cultura brasileira. Através de chantagens, subornos a agentes públicos e até mesmo ameaças, dominaram os editoriais de jornais, as produções de teledramaturgias e inclusive, os meios de censura da época, decidindo eles, e não os militares, o que seria apresentado, televisionado ou publicado. Realmente houve uma ditadura no Brasil, e a bem da verdade, ainda há, mas é uma verdadeira ditadura intelectual. 

Entender como funcionam as engrenagens desse mecanismo e, primordialmente, como foram elaboradas, pensadas e implantadas, é bem mais eficiente para aprendermos algo, do que simplesmente assistir a todos os jornais que estão disponíveis, acreditando inocentemente que assim, estaremos consumindo “informações diversificadas”. 

O que Flavio Gordon denuncia - inclusive ele mesmo sofrendo, já que seu livro, a despeito de ser demasiadamente importante nos dias atuais, é simplesmente relegado, deixado de lado e pouquíssimo falado - é que essa ditadura intelectual ainda vigora no nosso país e que desde o seu início determinou e tenta determinar o rumo de nossa cultura, através do domínio da linguagem.

É uma das várias ideias que o Professor Olavo não cansava de apontar: o controle esquerdista do imaginário, a perfeita hegemonia cultural, começa sempre na esfera linguística. “A esquerda sabe que, antes de tudo, é necessário sedimentar a linguagem numa camisa de força; mudar a acepção das palavras; impedir que as figuras de linguagem sejam analisadas, imitando-as com um apelo emocional direito e contundente”.

Depois dessa súbita e sutil tomada de poder, o que se viu foi um declínio nacional, agravado intensamente nos últimos 20 anos, principalmente com a chegada de um determinado grupo ao poder. Como consequência, nosso país se tornou um dos maiores consumidores de drogas do mundo e recordista mundial em homicídios, enquanto as escolas e universidades foram reduzidas a centros de propaganda ideológica e fábricas de analfabetos funcionais. A questão não é o porquê o país chegou nesse nível bizarro de atrocidades, corrupções com esquemas bilionários e deturpação moral explícita, mas sim como a corrupção da inteligência - individual e coletiva - é a origem dos grandes problemas que assolam nossa nação.

A corrupção da inteligência, Flávio Gordon.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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