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21/04/2022 às 08h00min - Atualizada em 21/04/2022 às 08h00min

Particularidades

IVONE ASSIS
Nesta semana, quando reencontrei o escritor Dr. Guilherme de Freitas e sua linda mãe, Dra. Leila Pinheiro, ambos sorridentes, como sempre. Aliás, algumas pessoas nascem para levar simpatia ao outro. Pois bem, comentamos rapidamente sobre muitos assuntos, inclusive sobre a obra “Desafiando a ciência”, sua última publicação até aqui. Como escrevi, no prefácio dessa obra citada, sabemos que “escrever é um ato de interlocução, em que as palavras são dadas à luz e estas buscam o diálogo com o leitor, a fim de sobreviverem no universo da escrita. E é esse processo de diálogo que Guilherme de Freitas escolheu para levar sua experiência ao mundo”. Primeiro, ele publicou “O quarto 65: uma janela para a vida”, nesse livro ele narra, em detalhes, como é sair do posto de médico ortopedista e entrar na estatística de sobrevivente de um AVC Locked-in, aos 33 anos de idade. É uma narrativa médica-paciente que levará o leitor a profundas reflexões. Depois, veio o “Desafiando a ciência: uma metáfora da vida”, literalmente, desafiando as probabilidades. É a literatura apresentando o homem e seu bem-estar humano, na condição de cadeirante, com restrições de fala e de mobilidade. A obra se abre trazendo o novo. Quem lê este autor, sabe que ele escreve no gênero biográfico e que o desafio e a alegria são partes dele. Logo, no CAPÍTULO 1: ANO NOVO, NOVO ANO, o autor começa narrando um réveillon com seus altos e baixos. O narrador revisita as memórias, brinca com fatos pitorescos, comuns no cotidiano de um sobrinho querido e ressalta, com ênfase, o valor da amizade. Naquele dia, a vida foi brindada com ‘Brindes, foguetes e orações’”. Mas o autor faz um passeio narrativo pelo hospital, em que “o leitor vai reencontrar o médico, mas, não aquele médico ansioso da primeira instância, agora, era um médico renovado de espírito, de coragem e de esperança. Buscando por religiosidade, ele encontrou o amor pela vida e pelo próximo, que já existia, mas talvez estivesse desacreditando de si. Nesse percurso, ele viu muitos erros e acertos, muitas verdades e inverdades. Muitos quereres e quereres próprios. Foi aí que ele concluiu: “A melhor religião é a do amor; é a que tem compromisso com a verdade e a coerência!”.

“Desafiando a ciência: uma metáfora da vida” apresenta relatos de viagens e, em um desses, o leitor vai se deparar com a explanação sobre o momento em que o escritor, agora cadeirante, rompe com a crença das limitações e se aventura em “seu primeiro banho de mar, na condição de cadeirante, e o quanto foi essencial o trabalho de uma ONG que” atua nesse viés de auxiliar “pessoas com deficiência a fazer atividades no mar”. Um trabalho de amor e esperança.

Desse modo, o autor Guilherme de Freitas vai apontando expectativas e decepções, sem jamais perder a esperança de conquistar seus sonhos. Dentre os muitos assuntos abordados na obra, o autor apresenta, com muita comicidade, a saga dos paladinos, na qual, possivelmente, vai arrancar muito leitor “do sofá, sob a algazarra dos risos. Neste capítulo, o leitor vai saber tudo que há por trás dos bastidores no cotidiano de um paciente como o Guilherme”. É, praticamente, impossível manter-se sério. A vida também é feita de manhas e artimanhas. É nesse tic-tac do tempo, que Freitas escreve sobre a paciência como virtude. Nesse capítulo, a narrativa “vem com uma roupagem mais filosófica. Nele, aprenderemos com os ensinamentos de Aristóteles, que é ‘importante sabermos redefinir nossos caminhos!’, e com Guilherme de Freitas, a reinventar-nos”. Afinal, como expressa o próprio autor, apesar de bem-humorado, “nem tudo são flores. Tive muita vontade de desistir!”, mas a sua teimosia em viver bem o fez vencer a síndrome depressiva. E, assim, a obra segue seu destino, e o autor também, ambos vão traçando caminhos: a obra desafia a cegueira cultural, o autor desafia o leitor, enquanto o personagem – homem real – vai desafiando a Ciência, em suas particularidades.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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