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09/09/2021 às 08h00min - Atualizada em 09/09/2021 às 08h00min

Dia Mundial da Alfabetização

IVONE ASSIS
Em 1967, com o objetivo de evidenciar a importância social da alfabetização para o mundo, a ONU/Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) instituiu o dia 8 de setembro como sendo o Dia Mundial da Alfabetização. Alfabetizar uma criança é ensiná-la a decodificar o código alfabético, dando-lhe autonomia de som e grafia, ou seja, a criança aprende a ler e a escrever, e memorizar o alfabeto e sua função. Junto à alfabetização deve haver o letramento, para que haja domínio sobre a leitura e a escrita, pois é por meio do letramento que se interpreta a língua em suas práticas sociais, obtendo, assim, a compreensão. Alfabetização e letramento não se confundem e são essenciais para o progresso. Alfabetização é conhecer os ingredientes; letramento é saber misturar esses mesmos ingredientes. Com conhecimento a nação, de modo eficiente, tem maiores chances de explorar o mundo e fazer escolhas mais assertivas, ampliando o índice de desenvolvimento de seu país, dando-lhe maior evidência intelectual.

Para mim, combater o analfabetismo é uma obrigação social, cívica, religiosa e humana..., enfim, é obrigação de todos ajudar a eliminar a cegueira do conhecimento, contribuindo para que todos vejam. Coibir o saber a alguém é escravizá-lo. Alfabetizar é tirar a venda dos olhos, dando liberdade ao ser, para que este voe em busca de seus sonhos. Com conhecimento reduz-se a miserabilidade.

De acordo com a ONU, são 773 milhões de jovens e adultos, no mundo, que não tem o domínio da leitura, nem da escrita, nem das operações matemáticas, desse modo, aguardam pela alfabetização; e cerca de 250 milhões de crianças são analfabetas funcionais, ou seja, são alfabetizadas, mas não têm letramento, portanto, são incapazes de interpretar textos. A interpretação é a prova cabal de que houve compreensão, sem esse domínio não há aprendizagem.

Dentre os países com maiores índices de analfabetismo no mundo estão o Sudão do Sul (73%), Afeganistão (71.9%), Burkina Faso (71.3%) e Níger (71.3%), sendo o Afeganistão um país da Ásia Meridional e os outros três pertencentes ao Continente Africano. Quanto maior o analfabetismo, maiores são os problemas sociais. Segundo a Unesco, com base em pesquisa de 2017, o investimento mínimo necessário para se acabar com o analfabetismo nos países membros da Aliança Global é de 17 bilhões de dólares. Pertencem a essa Aliança: Afeganistão, Benin, Burkina Faso, República Centro-Africana, Chade, Comores, Costa do Marfim, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Haiti, Iraque, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal, Serra Leoa e Sudão do Sul, e os países E-9: Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão, sendo estes últimos os que têm maior índice de jovens e adultos sem e com baixa alfabetização básica. Isso, claro, é reflexo de falha na alfabetização infantil.

A consciência fonológica é que propicia a compreensão das palavras, dos fonemas, para que os sons da língua sejam compreendidos. Qualquer pessoa (pai, mãe, irmãos, amigos, vizinhos...) pode contribuir ludicamente para a alfabetização, por exemplo, brincando com palavras, com rimas, com jogos da memória que levem à compreensão (distinção e identificação) de sons similares. A aliteração, por exemplo, além de divertida, é um dos componentes dessa vacina contra a ignorância e a exclusão. Vejamos: “O rato roeu a roupa do rei de roma”. Ou a exemplo de Castro Alves, em “Navio Negreiro”: “A brisa do Brasil beija a balança”.

Pedro Bandeira, em seu poema “Pontinho de vista”, ensina: “Eu sou pequeno, me dizem, / e eu fico muito zangado. / Tenho de olhar todo mundo / com o queixo levantado. // Mas, se formiga falasse / e me visse lá do chão, / ia dizer, com certeza: / — Minha nossa, que grandão!”. Esse poemeto não deixa dúvida do quão importante é o domínio da interpretação. É assim que vamos homenageando o Dia Mundial da Alfabetização.


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