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18/06/2021 às 08h00min - Atualizada em 18/06/2021 às 08h00min

Ladrão

WILLIAM H STUTZ
Já que a situação de segurança chegou a ponto extremo, talvez a única saída ou uma delas, seja regulamentar a profissão de ladrão. Assim, eles se organizariam, teriam código deontológico que regeria toda a classe e um código de conduta que respeitaria os cidadãos.

Para obter o registro permanente, os pretendentes a esta carreira deveriam passar por rigorosa avaliação psicológica, exame psicotécnico, prova teórica e prática, além de exame físico para saber se está apto ao “pernas para que te quero”. Tipos violentos, psicopatas, pedófilos, criminosos do colarinho branco, agentes públicos corruptos, não seriam aceitos de forma alguma e sua eliminação seria imediata.

A violência seria totalmente proibida e seu uso, motivo de perda de registro, mediante sindicância que apuraria os fatos.

Educação e compostura seriam primordiais. Cursos de inglês, francês e claro, espanhol, pontuariam na obtenção da carteira profissional para que se pudesse atuar credenciado entre cidadãos do Mercosul e obviamente de olho na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Isso sem esquecer as altas temporadas do turismo internacional. Os cursos intensivos de línguas, para que os visitantes estrangeiros não levassem uma má impressão de nossos larápios, seriam do tipo EaD.

Aparência é tudo e andar bem vestidos, com roupas de grife, seria de suma importância.
Teriam FGTS, seguro-desemprego e, em caso de sinistro ou de recolhimento aos costumes durante o trabalho, teriam direito ao auxílio-funeral e a família do finado passaria a receber pensão vitalícia ou bolsa-ladrão.

O sindicato disponibilizaria um 0800 ou 0171 para reclamações. Caso furtassem em local ermo e não obtivessem resultado, poderiam usar o SAC. A denúncia seria apurada, afinal, nenhum pobre gatuno pode ser exposto ao ridículo de trabalhar de graça.

Haveria preços regulamentados que teriam que ser afixados em locais públicos e divulgados em pelo menos dois jornais de circulação regional ou nacional, dependendo da categoria do larápio, estipulando os valores de resgates e extorsões

Subfaturar com intuito de ganhar mercado pode levar à advertência verbal e, em caso de reincidência, à perda definitiva de registro de meliante. Formação de cartel ou de quadrilha, mesmo fora de época de festas juninas, seria inadmissível.

Se for usar máscara, que não sejam aquelas de Jaison, Freddy Krueger, Justin Bieber ou de algum membro do Restart. Assustam demais crianças e adultos levando a traumas às vezes irreparáveis. O ideal é usar máscara do Mickey, dos Smurfs ou Teletubbies. São mais simpáticas.

Caso fossem flagrados pela polícia jamais deveriam resistir. Os policiais estão fazendo o serviço deles. Perdeu? Então se entregue sem resistência, pois, como é sabido, ninguém fica preso mesmo. Daí a pouco estará livre para seguir carreira, e ainda sai da cana pós-graduado.

Aposentadoria compulsória, além de umas belas férias de muitos anos em colônia penal a escolher, é direito adquirido. Basta requerer.

Caros amigos, só nos resta rir para não chorar. Enquanto a impunidade se mantiver à solta e nosso código penal não for refeito, funcionando de verdade, nossas polícias usando tacapes contra AK 47, só legalizando o ilegal. Só rindo, como todo bom brasileiro, de nossa desgraça, para não perder o juízo e assim engolir a revolta.



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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