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18/02/2021 às 08h00min - Atualizada em 18/02/2021 às 08h00min

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IVONE ASSIS
Ao ler Dale Carnegie, em sua obra “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, às páginas 54-56, deparei-me com um diálogo, sobre uma suposta carta, em que as personagens comentam:

“Certa vez, Lincoln começou uma carta dizendo: ‘Todos gostam de um cumprimento’. William James disse: ‘O mais profundo princípio da natureza humana é a ânsia de ser apreciado’. Ele não falou, veja bem, do ‘desejo’ ou da ‘vontade’, ou da ‘aspiração’ de ser apreciado. Falou na ‘ânsia’ de ser apreciado. Aqui está uma espécie de fome humana insaciável, e os poucos indivíduos que honestamente satisfazem esta avidez tão enraizada no coração terão as pessoas na palma da sua mão e ‘mesmo o proprietário de uma empresa funerária fica triste quando elas morrem’” (CARNEGIE, p. 54).

Ah, como isso é verdadeiro. E pode ser positivo ou negativo, dependendo apenas da escolha. Com o advento das redes sociais, essa ânsia se multiplicou de forma avassaladora. É comum os noticiários estamparem tal ânsia. Infelizmente, pessoas de má-fé se utilizam desse subterfúgio para cometer crimes terríveis.

Carnegie continua: “O desejo de sentir-se importante é uma das principais diferenças entre as pessoas e os animais. Para ilustrar: [...] meu pai criava porcos de pura raça Duroc-Jersey e gado com o melhor pedigree de focinho branco. Costumávamos expor [...] nas feiras e nas exposições de rebanhos do Middle West. Conseguimos primeiros lugares várias vezes [...]. Tais prêmios lhe ensejavam muita importância [...]. (CARNEGIE, p. 55).

Desejos assim, segundo Carnegie, levaram ao topo do sucesso, pessoas como: Dickens (novelista); Sir Christopher Wren e Rockefeller (o homem mais rico da história moderna). A questão é que todos os sentimentos têm duas faces, assim sendo, o mesmo anseio que leva ao sucesso pode levar ao fracasso, a depender da atitude do sujeito que alimenta tal pretensão. O anseio leva as pessoas a consumiram acima de suas necessidades (casas, roupas, objetos, bens...), cegando-as de modo a ignorar a necessidade de seu próximo, sobretudo empregados da casa. Para Carnegie (p. 55), “Este desejo faz você querer usar roupas da última moda, dirigir os últimos carros e falar sobre seus inteligentes filhos”, mas, também, “É este desejo que leva muitos rapazes a se tornarem bandidos e assassinos. A média dos jovens criminosos de hoje, diz E. P. Mulrooney, antigo comissário de polícia de Nova York, tem o ego inflado, e seu primeiro pedido depois da prisão é ver os jornais que deles fazem heróis”, como foi, por exemplo, o caso Dillinger.

No Brasil, assistimos o disparate de anseios insanos em todos os eixos sociais. Recentemente, assombramo-nos com casos de influencers, falsos médicos, falsos empresários, e tantos outros criminosos que se escondem nas câmeras, em busca da fama a qualquer custo.

Em uma belíssima carta que circula nas redes como se fosse de Lincoln, mas não é, como afirma o prof. Roger, o texto diz: "Caro professor, ele [o filho] terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, para cada egoísta, há um líder dedicado. Ensine-o, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo. Ensine-o que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada. Ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória. Afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso. Faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales. Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa. Ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros. Ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram. Ensine-o a ouvir [...]”, porque é ouvindo que aprendemos, e é fazendo escolhas certas que alcançamos a vitória. A felicidade está nos detalhes.


Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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