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11/02/2021 às 08h00min - Atualizada em 11/02/2021 às 08h00min

Indivíduos

IVONE ASSIS
Outro dia, lendo Mario Sergio Cortella, em “Qual é a tua obra? inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética” (Vozes, 2017), à página 33, deparei-me com um questionamento sobre o que é fundamental/essencial, cujo capítulo é: “Fundamental é chegar ao essencial: Contar com mecanismos de reconhecimento é sinal de inteligência estratégica”. Embora pareça algo óbvio, não é. Porque estamos sempre correndo em busca de qualquer coisa, e nem sempre esta coisa vale a pena. Sem contar as muitas oportunidades perdidas por falta de gestão ou, citando o escritor Cortella, por falta de “inteligência estratégica”. No processo ganha-ganha, nem sempre estamos falando de finanças, há ganhos maiores que a pífia moeda.

Cortella escreve: “Por que eu preciso morar em grandes cidades, viver desesperado dentro de um carro para lá e para cá, restringir imensamente meu tempo de convivência com as pessoas de que eu gosto, reduzir o meu ócio criativo para ficar num lugar onde vão me oferecer apenas e tão-somente dinheiro?”

Aqui o autor, acertadamente, coloca em xeque o conceito de prioridade. Uma velha máxima diz: “Dinheiro não traz felicidade”. Poderia ser, dinheiro não traz qualquer outra coisa, mas, não, é felicidade, porque a felicidade é essencial. A felicidade, sabemos, não vem em pacotes, bônus, email... ela é um sentimento de contentamento para o qual não há substitutos. Quando se é feliz, o entorno fica mais leve. A felicidade rejuvenesce, cura, embeleza, propicia oportunidades. A felicidade mora dentro de cada um, mas também ela se esconde dentro de cada um. É preciso encontrá-la e alimentá-la, do contrário ela morre.

Ainda citando Cortella, ele escreve: “[...] sem dinheiro não se vive. Sim, sem dinheiro não se vive, mas só com dinheiro não se vive. Há uma mudança em curso no mundo do trabalho”. Mais vale um abraço, que um diamante de mau grado. O dinheiro é fundamental para a aquisição de coisas, mas o essencial vai além das coisas.

Quando assistimos ao noticiário, ficamos estarrecidos diante da liquidez humana. A humanidade tem se esquecido do essencial para se viver, como isso, uma brutalidade tem se levantado e ganhado voz, de modo que a intolerância se fortalece em todos os setores e, não havendo um surto de consciência, em breve será um risco ações simples como até mesmo atravessar uma rua, ou ocupar uma vaga de estacionamento, ou pegar filas para concorrer a vagas.

Como muito bem escreveu Ferreira Gullar e, hodiernamente, Bosco de Lima, “Não há vagas”, não há vagas para as pessoas de bem, porque uma minoria tem gritado tanto suas insanidades, que até parece ser a maioria, mas não é.

Pode até ser fundamental cada um levantar suas bandeiras e suas verdades, mas o essencial é que todos lutem pelo objetivo maior que atenda o todo, não como tolos e néscios, mas como pensadores e gestores, porque pensar o propósito em vez de pensar o indivíduo é criar planos de ação para um sistema que atenda a humanidade. Por exemplo, pensar a Educação, em vez de pensar apenas na educação dos próprios filhos; pensar a Saúde, em vez de pensar somente na própria saúde.

Uma sociedade é feita de ações para a sociedade e não para o indivíduo, por outro lado, o indivíduo que não se realiza e não se prioriza, torna-se um inimigo de si. Então, o raciocínio é simples: desnude-se das ações tóxicas e faça o melhor por si, e assim estará fazendo o melhor pela sociedade. Quando agimos bem, agimos para o todo, no presente e na posteridade. A história é feito pelos indivíduos.


Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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