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11/05/2017 às 10h30min - Atualizada em 11/05/2017 às 10h30min

"Doutor Estranho"

“Enquanto os vingadores defendem a terra no plano material, nós magos defendemos o planeta de ameaças místicas”. Essa foi a frase dita ao doutor Strange por Wong, o bibliotecário do filme explicando a ele qual o verdadeiro objetivo destes “guerreiros”. E é exatamente com esta expressão que podemos definir a essência do filme "Doutor Estranho". Desta vez a Marvel fez uma produção bem diferente daquelas inúmeras que estamos acostumados a assistir. Mas é um filme de super-herói? De certa forma podemos dizer que sim, mas com muitos elementos que podem desmistificar o conceito de “super”.

O longa conta a história do médico Stephen Strange, interpretado por Benedict Cumberbatch, que leva uma vida bem sucedida como neurocirurgião. Sua vida muda completamente quando sofre um acidente de carro e fica com as mãos debilitadas. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança, um misterioso enclave chamado Kamar-Taj, localizado em Katmandu. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir nossa realidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo.

Ao contrário das outras produções da Marvel, que preza pela ação e as aventuras dos super-heróis, desta vez temos uma história mais pesada e bem dramática, especialmente no primeiro ato. É que nos primeiros minutos de projeção, muitas vezes pensamos estar assistindo a mais um dos episódios de "Grey’s Anatomy" ou "E.R." do que um filme baseado em um personagem das histórias em quadrinhos. O fato de um médico conceituado e famoso, ao mesmo tempo prepotente e arrogante, praticamente perder os movimentos das mãos e depois buscar a redenção, “conhecendo” a humildade e ajudando o próximo, sem se preocupar consigo mesmo, é de fato uma narrativa que não parece ter vinda das HQs da Marvel.

A dramaticidade diminui à medida em o filme avança, mas continua em segundo plano principalmente quando os poderosos magos, que são feridos em combate mostrando que são vulneráveis, são levados ao hospital para serem curados por mãos humanas. Mas é a magia que toma conta da segunda parte do filme, mostrando o treinamento do doutor Strange e sua ascensão espiritual, até chegar ao nível de um poderoso mago que pode defender a terra contra as ameaças de um ser chamado Dormammu que quer dominar os planetas e levá-los para o “lado negro da Força”.

"Doutor Estranho" é um bom filme e no geral tem mais pontos positivos que negativos. A ótima direção de Scott Derrickson é um dos destaques. Vindo do terror, com os filmes "O exorcismo de Emily Rose", "A Entidade" e "Livrai-nos do Mal", ele utiliza nesta produção muitos elementos que aprendeu com sua experiência no gênero. Os efeitos especiais são muito bons e convencem na criação do Multiverso mostrado no longa. Aliás, estes efeitos podem nos fazer sentir uma certa vertigem em algumas cenas da realidade distorcida em meio à cenas de lutas. O contraste entre o moderno e o antigo, oriente e ocidente, também nos é apresentado com eficiência pela fotografia e figurino da produção.

Mas o melhor de tudo são as atuações convincentes e profundas de alguns atores. E aqui destaco Cumberbatch que caiu como uma luva no personagem principal. O ator está para "Doutor Estranho" assim como Robert Downey Jr. está para Tony Stark. Acho que não preciso dizer mais nada não é mesmo? Temos que destacar mais um ótimo trabalho de Tilda Swinton como a anciã suprema. A atriz encaixa perfeitamente em qualquer papel que dão a ela.

O maior problema de "Doutor Estranho", em minha opinião, é a correria em que tudo acontece. Num instante o médico é um zé ninguém implorando pelos movimentos de suas mãos sem nem saber o que o aguarda. Já minutos depois é o mais poderoso dos magos que em sua primeira luta consegue vencer o poderoso vilão da história. A narrativa não se preocupa em gastar um tempo no treinamento e nos fracassos de Strange. Não temos uma boa construção do personagem nesse sentido. Por falar em vilão, outro ponto negativo é o personagem Kaecilius, que apesar de ser interpretado pelo excelente ator Mads Mikkelsen é uma grande decepção. E nesse sentido sobra até para o tão esperado antagonista Dormammu que nos dá no fim da projeção uma espécie de repeteco dos bizarros efeitos que vimos em Lanterna Verde. A diferença é que a Marvel tem um ótimo senso de humor e as piadas bem elaboradas disfarçam estes momentos “trágicos” do filme.

E que venham mais filmes do Mago Supremo!

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