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25/03/2020 às 08h30min - Atualizada em 25/03/2020 às 08h30min

Joias Brutas

KELSON VENÂNCIO
Pra quem acompanha o meu trabalho analisando produções cinematográficas há 14 anos, sabe que eu não sou muito fã do ator Adam Sandler. Sempre achei ele bastante limitado a papéis caricatos e bem exagerado nas comédias que sempre extrapolam e chegam à beira do ridículo na tentativa de tirar risadas do público.

E não sou apenas eu nessa antipatia. Muitos críticos concordam comigo, tanto que ele sempre é um dos principais protagonistas do prêmio Framboesa de Ouro que escolhe os piores de cada ano, como o péssimo em todos os sentidos “Cada Um Tem a Gêmea Que Merece”!

Mas existem algumas poucas exceções. E Joias Brutas é a maior delas. Quando comecei a assistir ao filme não conseguia acreditar que aquele ator interpretando o personagem principal era o mesmo Adam Sandler de tantas atuações ruins. Ele está simplesmente irreconhecível, o que achei brilhante pela primeira vez. O trabalho dele é tão bom nesse filme que ele consegue nos deixar boquiabertos com tudo que faz. O timbre de voz, os trejeitos, a caracterização, o figurino, as expressões faciais, a malandragem do personagem que ao longo da narrativa só vai se complicando com problemas, tudo isso nos fascina.

Sandler segura o longa do início ao fim. Mas Joias Brutas ainda tem um roteiro muito inteligente, angustiante e com um desfecho surpreendente. Os diálogos são fortes, rápidos e interessantes. Mas é preciso muita atenção do público para que o falatório praticamente ininterrupto durante as duas horas e quinze de projeção não se torne uma experiência ruim e cansativa.

A direção é outro ponto forte deste longa que está em cartaz na Netflix. Os irmãos Josh Safdie e Ben Safdie, que já fizeram Robert Pattinson (Crepúsculo) trabalhar bem em “Bom Comportamento”, dirigem este longa com maestria. E acredito ser deles o maior mérito de mudar completamente Adam Sandler. O jogo de câmeras próximas aos personagens em ambientes pequenos e os planos sequência usados conseguem dar ao público a sensação de desespero pela qual passa o personagem de Sandler durante toda a história.

E que Adam Sandler aprenda de uma vez por todas que para o bem dele e nossa felicidade é melhor ele incorporar sempre um Howard Ratner que uma Jill Ssdelstein, a gêmea ridícula que eu citei anteriormente.

Nota 9


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.








 
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