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02/02/2020 às 10h15min - Atualizada em 02/02/2020 às 10h15min

Amor como tempero

Érika Mesquita
Sempre achei que era um exemplo para me alimentar, me formei em nutrição seguindo as escolhas do meu coração. A cozinha sempre foi o meu melhor laboratório. Pensava que comia direito até me apaixonar pela Antônia. 

Não foi de um dia para outro que caí de amores, os primeiros meses foram bem tumultuados para falar a verdade. Acordar mãe é um período nebuloso, cheio de dúvidas, incertezas e muitas opiniões de como fazer melhor do que eu estava fazendo. Mas, a gente foi se conhecendo, se descobrindo e, quando vi, estava entregue ao maior amor da minha vida.  Foi ela que me ensinou verdadeiramente o sentido da palavra nutrição. 

Percebi que alimentar um filho é um ato de entrega, de amor. Dar o peito durante seis meses exclusivamente sem dar nem água foi o maior e mais lindo ato que já fiz nessa minha vida, algo que eu diria até poético. Temos à nossa frente uma folha em branco, que é o paladar daquele bebê de seis meses. Uma grande responsabilidade, mas com várias possibilidades. E a nós cabia lhe apresentar o mundo e deixar que ela fizesse suas escolhas, como em tudo na sua vida. Claro, damos uma guiada, uma editada nas informações e priorizamos as melhores fatias desse mundo.

Nos sentimos muito satisfeitos em pensar na beleza de dar o exemplo, de compartilhar com ela o alimento, de fazer uma refeição em comunhão. E de ver que ela está criando, dia após dia, uma relação harmoniosa e prazerosa com a comida. 

Lembro bem o quando era fácil nos primeiros contatos com o alimento. Não havia vícios, nem preconceitos e era a grande chance da Antônia sentir o verdadeiro gosto dos alimentos. Sal, nem precisava, que entrou bem depois e em pequenas quantidades. Achava importante mesmo era ela sentir o gosto do brócolis, da mandioca, da beterraba. E das ervas frescas: salsinha, orégano, manjericão, endro e tomilho.  Aliás foi com a Antônia que aprendemos ainda mais a comer tudo cru, colhidos no pé pelos avós. Também não ofereci açúcar para que ela conseguisse apreciar o doce das frutas. E são tantas, tão lindas e suculentas! 

Com a presença dela em nossas vidas nunca mais faltou tempo para encher a casa de frutas, legumes e verduras. Falta papel higiênico, mas não faltam as frutas preferidas dela, porque há uma saudável alternância entre as eleitas da vez. 

No mercado deixei de lado as listas de compras, abri a cabeça para novos e ousados sabores, aromas e texturas, aprendi com isso a nutrir o amor próprio. Se a gente prioriza alimentos frescos, integrais e saudáveis, em pouco tempo os filhos estarão à mesa compartilhando a mesma dieta e filosofia de vida. Sabe de uma coisa? Ao contrário de outras paixões, a que tenho pela Antônia me dá é fome. Fome de vida, comida. Que bom que filho é para vida inteira.

FOTOS: ERIKA MESQUITA 
A coluna desse domingo foi uma declaração de amor a minha pequena Antônia. Ela se tornou vegetariana há poucos dias, há menos de um mês. Talvez essa nova fase gere uma nova coluna daqui um tempo, pois tenho descoberto um mundo de possibilidades nesse novo conceito da vidinha dela. 


FOTO: ERIKA MESQUITA 


DAHL DE LENTILHAS COM LEITE DE COCO

INGREDIENTES:

1 cebola pequena picadinha
2 dentes de alho amassados
2 colheres (sopa) de óleo de coco ou ghee
1 colher (chá) de gengibre fresco ralado
1 colher (chá) de curry ou massala
1 colher (sobremesa) de páprica doce
1/2 colher (chá) de pimenta-dedo-de-moça picadinha
1/2 tomate picadinho, sem pele e sem sementes
1 xícara de lentilha
2 xícaras de água filtrada
1 xícara de leite de coco caseiro (para polpa de 1 coco 500-600ml de água. Bater no liquidificador e coar com voal. Deixar o leite na geladeira de um dia para o outro para endurecer a gordura)
Sal e pimenta-do-reino a gosto

MODO DE PREPARO
Numa panela doure a cebola e o alho no óleo de coco ou ghee. Junte a pimenta-dedo-de-moça, o tomate e o gengibre. Acrescente a lentilha, o curry e a páprica e mexa bem. Adicione a água e o leite de coco. Acerte o sal, adicione a pimenta-do-reino e cozinhe em fogo baixo até a lentilha ficar bem macia.



*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.








 
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