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29/01/2020 às 10h16min - Atualizada em 29/01/2020 às 10h16min

1917

KELSON VENÂNCIO
Foto: Divulgação

Os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Quando eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar mais de 1600 colegas de batalhão.

Em termos técnicos, acredito que nunca em toda a minha vida de cinéfilo eu tenha assistido um filme tão perfeito como 1917. É uma verdadeira aula de fazer cinema, especialmente quando se fala em direção. E nesse quesito, o longa dirigido por Sam Mendes é sem dúvida o melhor de 2019 (lançado nos EUA ano passado e agora aqui).

Com duração de duas horas, o filme é todinho feito em apenas uma sequência. Ou seja, é como se o cinegrafista apertasse o "rec" para começar a gravar a primeira cena e só parasse no final. É claro que que esse lance de toda a produção ter sido feita sem um único corte é uma ilusão. Na verdade, as cenas demoravam até oito minutos sem que fossem interrompidas. Mas quando assistimos 1917, não percebemos isso. É claro que para os mais entendidos, notar onde esses cortes aconteceram é algo que possa ser realizado e um desafio. Mas se forem fazer isso, assistam o longa duas vezes e tentem observar esses detalhes na segunda.

É claro que existe uma equipe enorme por trás desse feito incrível e que merece aplausos de pé. Mas quem coordenou toda essa magia foram o diretor Sam Mendes (ganhador do Oscar por Beleza Americana e responsável pela última franquia de 007) e o diretor de fotografia Roger Deakins que é um grande mestre na arte da iluminação. E além de vermos a câmera em um único "take" seguindo a longa caminhada dos dois personagens principais, ainda podemos desfrutar a composição dos quadros. Temos um mundo de guerra inteiro em cenários muito diferentes dentro de um único enquadramento.

A fotografia é marcante, mostrando a destruição causada pela guerra, a paisagem devastada pelas explosões, as trincheiras ocupadas pelos soldados, fazendas e pequenas cidades destruídas, aviões que estão no horizonte escanteados no enquadramento e que de repente surgem no plano principal. A iluminação é outro ponto forte a ponto de mudar a todo instante e não só porque o dia se foi e a noite chegou, mas ela é diferente em vários momentos. Quando entram nos buracos das trincheiras temos ambientes escuros e de repente voltam a ficar claros. O mesmo acontece quando os personagens chegam em uma propriedade abandonada. Um deles entra na casa e a imagem fica escura. Mas no fundo, o outro soldado está do lado de fora. E os dois atores estão enquadrados, mesmo com este contraste.

Bom, se for pra falar apenas da parte técnica acredito que daqui poderia quase sair um livro sobre este filme. Mas 1917 ainda tem uma história bem simples, mas bastante eficaz. Porém é nesse quesito que o filme não é perfeito. O roteiro, apesar de ser interessante, se torna um pouco cansativo em alguns poucos momentos. Tem hora que cansa ficar vendo dois soldados apenas caminharem longas distâncias. E pra quem espera ver tiros e explosões o tempo inteiro, pode tirar o cavalinho da chuva que isso não é uma constante. De qualquer forma, 1917 é um filme que merece ser visto e exaltado pela obra marcante que é. Um filme que tecnicamente entra para a história do cinema.

Nota 8

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 

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