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19/01/2020 às 15h00min - Atualizada em 19/01/2020 às 15h00min

Vizinhança solidária, já!

JOÃO BOSCO

Na rua, hoje, eu vi você esgueirar-se de mim. Tudo bem! Compreendo. O Tempo anda curto. São tantos os afazeres, não? Eu sei! Você me acha um vizinho chato. Aceito! Mas antecipo: não quero amizade gratuita, não quero convidar-lhe para ir à igreja ou para ocupar um cargo na associação de bairro. Enquanto você se esgueirava pelas alamedas, eu pensava nos favores prosaicos, em horas impróprias, que você já precisou, e não pediu-me, tipo; uma xícara de açúcar, uma cebola, um dente de alho. Mas você não pede. E, porque não pede, o alarme de sua casa berra. E como berra! O seu cão ladra. E como ladra! O seu impertinente periquito australiano pia... pia um pio triste, pio sofrido de dor. Coisas que se resolvem com um pouquinho de solidariedade. A chave que abre e fecha é a mesma. Um giro para o desinteresse: abriu! Um giro para o interesse: fechou! Mas, por ser um afeto que transita em via de mão dupla, ela tem um preço, sim, mas que compensa pagar, pois um dia é o pio do periquito com o pé preso na gaiola, dia outro, pode ser — o seu, o meu — silêncio bruto  diante da mira de uma pistola.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
















 

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