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04/01/2020 às 14h00min - Atualizada em 04/01/2020 às 14h00min

Retrospectiva

JOÃO BOSCO

Ano passado, sentado num banco de rua do Distrito, vi uma gramínea incrustrada nos fios da rede elétrica com as glumas e aristas voltadas para um céu de azul profundo, àquela hora cortado por um risco de fumaça expelida por um jato na devida altura de pés e velocidade de cruzeiro. Presumivelmente, a gramínea contou com a ajuda de um pássaro que, nos fios da rede, depositou a semente a qual brotou na terra ali, antes assentada pelo vento na condição de poeira. No alto, a viçosa gramínea, ilusoriamente suspensa no ar; um amontoado de gente sentada, umas ao lado das outras, espremidas e entretidas com os afazeres costumeiros de um voo comercial. Cá embaixo, eu com os meus botões a observar o movimento de transeuntes. As pessoas que passavam eram as mesmas de ontem, de antes de ontem, da semana, dos meses e até dos outros anos que se passaram. São crianças, jovens, adultos, idosos cujo convívio diário cuida de não deixar transparecer a inexorável transformação imposta pelo tempo. Tempo piedoso que nos dá apenas uma vaga lembrança daquele senhor, daquela senhora e suas histórias, pessoas que nunca mais ali passarão... “Eu passarinho”, dizia o poeta.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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