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06/10/2019 às 14h30min - Atualizada em 06/10/2019 às 14h30min

Valvas secas

JOÃO BOSCO

Como de costume peguei minha cadeira de praia e um livro e fui para a praça do meu bairro. No calçamento pisava em algo que parecia folhas secas, porém duras, mas não o suficiente para resistir ao meu peso. E ao esmagá-las, produziam um sonoro barulho de mata. Confesso! Feito criança, pisoteava e esmagava as valvas secas da sibipiruna. E as valvas faziam uns estalidos — troc-trooc-troc — ora ligados, ora staccatos, ora sonantes, ora dissonantes. Recolhi quatro valvas e fui para o centro da praça. Abri a cadeira, sentei-me, mas ao invés do livro, lia as valvas. Primeiro apertei uma com os dedos: tec, outra, tec... Depois, dura e pontiaguda, usei-a para limpar as unhas. Uma coceirinha nas costas: cocei com ela. Sem ninguém por perto, meti-a entre dentes... Será que as valvas ao fazer troc-troc, não queriam me dizer algo assim: “Ou moço! Me amassa! Faça de mim remédio para curar a...”. Não! Não! Deixa pra lá! Não sou maluco, tão pouco biólogo. Basta-me a descoberta das valvas, parceiras das vulvas.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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