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22/09/2019 às 11h30min - Atualizada em 22/09/2019 às 11h30min

Entre Cerrado e Caçarolas

ALICE GUSSONI
Foto: Alice Gussoni

Com frequência me proponho a fazer algum projeto através de Lei de Incentivo à Cultura. Acredito que seja uma ferramenta muito poderosa para colocar nossos talentos a serviço da comunidade. Poder praticar nossas habilidades, trazer informação, colocar luz em temas escurecidos e embelezar o mundo.

Esse mês, no Dia Nacional de Luta e Preservação do Cerrado, 11 de setembro, foi o lançamento do documentário “Entre Cerrado e Caçarolas”, o qual fui proponente e tive a honra de trabalhar com uma equipe maravilhosa.

Quando a gente começou esse projeto era um grupo de amigas tomando café com pão de queijo. Queríamos fazer algo em relação a extinção do nosso bioma, o Cerrado. Queríamos mostrar sua riqueza, seus frutos e gastronomia típica. Pesquisamos e descobrimos que na nossa região, Triângulo Mineiro, o que resta de mata nativa são pequenos recortes, já praticamente extintos. Descobrimos também que o forte dessa microrregião não é a gastronomia do cerrado, mas suas ervas medicinais. O potencial dos princípios ativos de nossas plantas é um produto economicamente muito interessante. Mas não é aproveitado comercialmente por nós, mas sim por empresas farmacêuticas em alguns países da Europa, e no Japão. A forma em que estamos aproveitando economicamente nossa vegetação é transformando-a em cana de açúcar, soja, milho e pasto para gado. Fator que causou a extinção do Cerrado por aqui. 

Nosso projeto foi aprovado em 2017. Por dois anos nos dedicamos a pesquisar nossa fauna, flora, mas principalmente, conhecer algumas das nossas mais preciosas joias. Pequenos heróis e heroínas anônimos que estão diariamente se dedicando a preservá-lo.
A coisa mais linda de se ver, é que o fazem pelo afeto à nossa terra. Não para ganhar algum prêmio, não em troca de seguidores, curtidas, dinheiro. O senhor Igor, um dos personagens do documentário, cura pessoas com matos que ele arranca da terra, pelo bem de fazer o bem, porque assim o foi ensinado pelos seus avós e pais. Valéria, com profundo conhecimento ambiental e botânico, sai no meio da estrada colhendo sementes apenas para que aquelas árvores não desapareçam das nossas vidas. Ela não posta selfies com um barbatimão e uma legenda “#salvei #euqueplantei”. Nós também não fizemos esse filme por dinheiro e fama. Ao contrário. Nossa motivação foi mostrar a importância de preservar nossas espécies. Foi o amor pela nossa terra, nossa cultura. E seria uma pena deixar algo tão lindo desaparecer diante de nossos olhos.

A receita de hoje leva dois ingredientes do cerrado, castanha baru e folhas de caruru, uma panc da família do amaranto. O caruru serve para ajudar a combater infecções no organismo e auxiliar no tratamento de problemas hepáticos. Essa planta ajuda também a combater a osteoporose e a fortalecer os ossos e dentes porque é muito rica em cálcio. Essa receita pode ser servida em temperatura ambiente, portanto é ótima para esses dias tão quentes.

O filme será exibido novamente no Teatro de Bolso do Mercado Municipal dia 25 de setembro, às 18hs na Festa da Semente.
 
 Cuscuz de castanha e damasco com caruru ao alho
 
 Ingredientes
250g de cuscuz marroquino
250g de água
1 cebola pequena
80g de castanha baru
80g de damasco
azeite
salsinha
1 maço espinafre
1 maço de caruru
3 dentes de alho
talos de beterraba
 
Preparo
Doure a cebola no azeite, acrescente a água. Quando ferver, acrescente o cuscuz e desligue. Deixe hidratar por 20 minutos. Acrescente o damasco e a castanha picados. Em uma frigideira doure os dentes de alho e refogue os talos de beterraba, reserve. Da mesma forma refogue o espinafre e as folhas de caruru. Sirva como acompanhamento do cuscuz.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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