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25/08/2019 às 10h00min - Atualizada em 25/08/2019 às 10h00min

Exercícios criativos

ALICE GUSSONI
Salada com molho de iogurte, parmesão e castanha | Foto: Marcel Gussoni

Trabalho com criatividade. Faço cerâmica, aquarela, comida. Gosto de pegar uma matéria prima, misturar com outras e inventar uma coisa nova. Basicamente isso.  

A criatividade é algo difícil de definir. Tema rodeado de tabus. Há quem diga que envolve um dom divino, há quem defenda que é um processo que requer tanta técnica, estudo e prática como uma atividade qualquer. Para mim, é um exercício cotidiano. Um dia, o mestre Assis Guimarães me disse: “Se você fizer pelo menos um desenho por dia, no fim de um ano vai ter 365 desenhos. É natural que alguns deles vão ser bons, e que com o tempo você vai se tornar bom naquilo”. Simples assim.

Existem livros e técnicas que auxiliam a aprimorar o processo criativo. E com o passar do tempo, cada um vai desenvolvendo seu próprio método. Ou até mais que um. Por exemplo, quando eu crio uma receita. Às vezes penso em um tema, uma música. Quase sempre vejo conexões entre os ingredientes. Extraio todas as possibilidades de um único elemento.

Por exemplo: se o ingrediente que tenho é batata, são infinitas opções. Purê, rústica, ao murro, souté, gratinada, recheada, sopa. São intermináveis os coadjuvantes: curry, ervas, bacon, enfim, poderíamos ficar horas falando sobre a criatividade e a batata. Na arte não é diferente. Quando nos deparamos com um papel ou um imenso bloco de argila, as conexões entre os ingredientes são intermináveis. Existem formas, cores, texturas e temas infinitos só esperando por serem misturados e juntos fazerem uma linda festinha.

E quando a única coisa que vem à cabeça é um profundo interminável branco? Quando a situação não envolve pressão, está tudo bem! Se não tem ideia do que preparar no almoço, basta recorrer a inspirações na vasta gama de fornecedores de conteúdo. Ou pedir delivery.

Mas se você depende da criatividade para trabalhar, ter uma crise criativa de branco absoluto pode ser desesperador. Já ouvi sobre um processo de criação que envolve escolher duas ou três imagens de referência e fazer uma mescla de características que mais te agradaram, fazendo uma espécie de releitura. O próprio Movimento Antropofágico nos mostrou que absorvemos culturas alheias para então engolir, digerir e criar a nossa própria.

Para mim, o maior alimento para a criatividade é uma generosa fatia de afeto. Estar bem ajuda a nos mantermos criativos. A criatividade está diretamente relacionada à saúde emocional. E como um lindo ciclo evolutivo, manter exercícios criativos ajuda a permanecermos com a saúde emocional em dia. Portanto, não subestime o poder de ir comer um bolo, dar boas risadas e um belo abraço naquela pessoa que você adora.

A receita de hoje nasceu em uma dessas ocasiões, quando ingredientes abandonados na geladeira criaram conexões na cabeça e uma linda festinha no paladar.
 
RECEITA

Salada com molho de iogurte, parmesão e castanha
 
INGREDIENTES
Mix de folhas verdes
Abobrinha crua
Lascas de parmesão
Iogurte natural
Suco e raspas de um limão siciliano
Castanha picadas
Manjericão
Sal
 
PREPARO
Lave e seque bem as folhas. Corte a abobrinha em fatias bem finas. Faça o molho misturando algumas colheres de iogurte, o suco e as raspas da casca do limão siciliano, sal e manjericão picado. Despeje por cima da salada. Disponha as lascas de parmesão, e salpique as castanhas picadas para finalizar.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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