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21/02/2019 às 08h57min - Atualizada em 21/02/2019 às 08h57min

Ler é descobrir novos mundos

IVONE GOMES DE ASSIS
“O mundo se faz com homens e livros”. Há anos escrevi um artigo de opinião sobre importância de se ler para a criança, para que ela aprenda pelo exemplo. Lembro-me de que fiz uso de uma citação de Jean de La Fontaine, que diz: “Se se quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas onde não faltem animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim – suave e docemente que se despertam consciências”. La Fontaine está ensinando que o método de ensinar é pelo exemplo.

A leitura sempre foi um ponto de inquietação para estudiosos, sociedade e Estado. A relação literária entre “narrativa e leitor”, seja na contação de histórias, seja na leitura, é um caminho suave, que conduz ao conhecimento. A história (escrita ou falada), desperta, no ouvinte/leitor, o desejo de descoberta; amplia o saber; contribui na formação humana...

A leitura abarca tudo que é escrita: de receitas contábeis, médicas e culinárias a livros, revistas, outdoors, redes sociais... Mas a leitura literária vai além da informação. Ela abre o imaginário e alcança o inimaginável.

As pinturas rupestres anunciam que desde o início o homem sentia a necessidade de registrar a história, por meio de um signo que ficasse para a posteridade, uma vez que somos passíveis de morte e esquecimento. Desse modo, a arte, seja ela escrita, fotografada, pintada, narrada ou outra, será sempre um veículo condutor “de histórias, na história”. Quanto mais aprimorada a forma, maior será o alcance.

A contação de histórias se tornou uma profissão e, hoje, há milhares de contadores por todo o mundo. Mas, para a criança, nada se compara a ouvir as histórias contadas pelos pais e avós. Esse novo veículo de comunicação, encontrado pelo homem, tem gerado fortunas para muitos contadores, isso vai depender do conhecimento, planejamento e estratégia de cada um.

No início, as histórias eram contadas para “amedrontar” o ouvinte, e isso facilitava o domínio sobre as pessoas. Com a descoberta da infância, passou a existir também a literatura infantil. As primeiras produções infantis surgiram no mesmo formato que era a contação, ou seja, objetivava educar e moralizar. Isso ajudava a criança a enfrentar a realidade social.

Já no século XIX, Hans Christian Andersen escreveu diversos contos populares. Contos, estes, que ainda são muito atuais, e sempre deliciosos de serem lidos: O rouxinol; O patinho feio e O soldadinho de chumbo; A pequena sereia...

Chegou o cinema e deu uma roupagem nova para os contos. A “moral da história” continua lá, mas de um modo tão sutil, que chega a ser prazerosa.
Os contadores de histórias também repaginaram o processo, passaram a se vestir a caráter, criaram personas, reinventaram vozes. Assim, ocupam salas, palcos, teatros e tantos outros espaços, levando alegria, conhecimento e, claro, “a moral da história”, a que chamamos de mensagem.

O mercado televisivo, há anos, enxergou o contador de histórias como imã de audiência, e investiu alto em programas de humor. O mercado comercial demorou a perceber, até que repaginou o formato de treinamento e disparou um novo contador de histórias, um profissional voltado para empresas. Os títulos variam entre nacionais e estrangeiros, os mais usuais, no momento, são o já conhecido “humorista” e o novo “stand up comedy”, cada qual, a seu modo, promovem conhecimento por meio da contação de histórias.

Poderia apresentar muitos outros casos, como os eventos populares tradicionais, o folclore, que movimentam cidades e estados, mas chamo a atenção somente para a importância da leitura, da literatura e do livro. O trabalho foi traçado pelos gregos, os navegantes, Perrault, Lobato... veio ganhando espaço e adentrou o mundo dos negócios. Tudo isso é literatura, sob diferentes perspectivas e formatos. Cada vez mais o livro se faz necessário. É o despertar de consciências mencionado por La Fontaine; e declarado por Monteiro Lobato: “O mundo se faz com homens e livros”.
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