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15/02/2019 às 09h24min - Atualizada em 15/02/2019 às 09h24min

Respeito a Boechat

CELSO MACHADO
Não era seguidor do jornalista Ricardo Boechat nem no programa de rádio e nem no da TV que apresentava. Tampouco nas redes sociais. Lembro dele no “Bom Dia Brasil” e no jornal que eventualmente assistia.

Sempre me passou ser uma pessoa séria, equilibrada, com domínio amplo da diversidade de assuntos que comentava. Sua morte me pegou, como a todos, de surpresa. Sobre ela muito já se falou, sobre ele não tenho maiores conhecimentos para acrescentar. Mas tem um aspecto que me tocou muito e que considero pertinente abordar. Fiquei impressionado, mas não foi pouco, com a repercussão de seu falecimento com a ampla manifestação de respeito e apreço de colegas, de emissoras e veículos onde atuava e por onde já passou.

Não tenho a menor dúvida, mesmo nunca tendo convivido com ele, que todo esse carinho é fruto de um comportamento digno, correto e exemplar. Além da comoção e da solidariedade com o fim de uma vida repleta de méritos, conquistas e boas referências, me tocou uma questão que sempre me incomodou: será que ele sabia de todo esse prestígio, de toda essa importância, de todo o valor que tinha? Será que as emissoras por onde atuou manifestavam o respeito e consideração que todo ex-colaborador exemplar merece receber em vida? Seus pares de todas as mídias que merecidamente o exaltaram e manifestaram a perda que a imprensa brasileira terá com seu passamento, o tratavam no dia a dia dessa forma?

Evidente que a morte, ainda mais de forma trágica, acrescenta doses adicionais carregadas de lamento, de perplexidade, de espanto e tristeza.

Quem sabe pudesse nos levar a refletir porque lamentamos e manifestamos muito mais as perdas, do que valorizamos e enaltecemos as presenças.
Adiamos ou deixamos para depois,  elogios, carinhos, gestos de consideração e estima como se fosse feio ou vergonhoso falar na presença o tanto que a pessoa nos é querida, valiosa e significativa.

Ficamos aguardando a melhor oportunidade para isso, no equívoco arrogante de achar que somos nós que traçamos os planos da vida e não ela. Que o destino nos é obediente e não nós a ele. A dor da ausência é sempre a manifestação do amor que a pessoa nos despertou. Uma forma autêntica de respeito e valorização da perda que nos causa.

Manifestar presencialmente o tanto que ela nos é cara também é expressão de respeito.  Respeito pelo valor da pessoa em vida. Para ela saber o tanto que é importante para nós e lhe oferecer o prêmio da nossa admiração.

Amar a presença, tanto ou mais do que a ausência!
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