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31/07/2018 às 12h34min - Atualizada em 31/07/2018 às 12h34min

'13 reasons why'

KELSON VENÂNCIO | COLUNISTA
Foto: Beth Dubber/Netflix
Quando vi o primeiro trailer de “13 reasons why” pela primeira vez no início de 2017 eu havia gostado da temática que se propunha a produção. Mas confesso que tive um certo preconceito por pensar que esta seria mais um daqueles seriados feitos para o público adolescente, com um roteiro bobo e superficial. Aí veio o lançamento no dia 31 de março de 2017 e as pessoas que assistiam sempre me falavam que a história era muito boa. Mesmo assim, continuei pensando que existia séries melhores pra assistir. Um ano se passou e veio a segunda temporada. E eu ainda colocando a história da Hannah Baker de fora da minha lista de prioridades. Felizmente minha esposa começou a assistir e em pouquíssimos dias ela engoliu as duas temporadas, me falando o quanto esta produção era interessante. Com isso, ao assistir o primeiro episódio, assisti tudo bem rápido e me arrependi de não ter visto antes.

"13 Reasons Why" ou na tradução "As 13 razões do porquê", é baseada no livro homônimo de Jay Asher e adaptado para a Netflix por Bryan Yorkey. A série gira em torno de uma estudante que se mata após uma série de falhas culminantes, provocadas por indivíduos selecionados dentro de sua escola. Uma caixa de fitas cassete gravadas por Hannah Baker antes do suicídio relata 13 motivos pelas quais ela tirou a própria vida. Cada motivo explicado em cada fita é um capítulo da temporada.

Pra começar, esta premissa da série é perfeita já que aborda temas comuns no dia-a-dia dos adolescentes, mas que são ignorados pela sociedade em que vivem. E todas as temáticas como iniciação sexual, bebidas, drogas, estupro, bullying e suicídio são mostradas de forma escancarada para causar impacto no público na tentativa de fazer com que reflitamos a ponto de mudar as nossas concepções em relação à educação de nossas crianças e adolescentes. O roteiro é bem adaptado pra TV e bem amarrado juntando sempre as pontas que a princípio estavam soltas em alguns episódios. É claro que há controvérsias com relação ao senso crítico, já que muita gente acha a série forte demais e explícita quando essas temáticas são mostradas. Mas eu creio que todas as pessoas, especialmente pais e educadores, deveriam ver e rever várias vezes esta série. E vou mais além, acho que ela deveria ser passada em sala de aula para uma ampla discussão entre professores e alunos.

PRIMEIRA TEMPORADA - NOTA 9

Dos 13 capítulos da primeira temporada, só não achei excepcionais os episódios dois e três. O restante é uma obra de arte. São daqueles que a gente termina e logo quer assistir outro e assim por diante. Tecnicamente “13 Reasons Why” é perfeita com uma excelente direção, com boa fotografia, ótima trilha sonora e uma edição espetacular.

As atuações são outro ponto forte na série. Com um elenco formado em sua maioria por adolescentes pouco conhecidos nas telas, o trabalho desenvolvido por eles é impactante. Cada ator faz de seu personagem algo único e à medida em que assistimos os episódios, conhecemos a fundo cada um deles, sem que esqueçamos dos coadjuvantes. Tudo isso é o resultado de um trabalho bem feito por cada um, especialmente dos protagonistas Dylan Minnette como Clay Jensen e da Katherine Langford como Hannah Baker. A química entre estes dois atores funciona até demais em alguns momentos. Ambos estão ótimos.

A primeira temporada é impecável e difícil de achar um defeito. Todos os arcos se fecham de uma forma magnífica e especialmente nos três episódios finais, nos deixam boquiabertos ao ver os rumos que a história nos leva. É tão boa que por mais que algumas perguntas ainda não sejam respondidas nessa primeira parte, temos a sensação de estarmos plenamente satisfeitos com o que assistimos.

SEGUNDA TEMPORADA - NOTA 7

A segunda temporada veio por causa do sucesso da primeira e claro, devido ao bom retorno financeiro. A história da continuação não existe na literatura, mas foi bem escrita para a televisão. A segunda temporada é ambientada durante o julgamento da escola Liberty High, que Hannah Baker (Katherine Langford) frequentava. Olivia Baker (Kate Walsh), mãe de Hannah, decidiu processar o colégio por negligência, uma vez que seus responsáveis sabiam do estupro e do bullying que a jovem sofria e nada fizeram, o que teria contribuído para o seu suicídio.

Desta vez, apesar da temática polêmica ser ampliada para outros personagens além de Hannah e Clay, o que é positivo, a continuação é bem mais arrastada e algumas vezes até cansativa. Em alguns momentos temos a impressão de que estão tentando "encher linguiça" para completar os 13 episódios da segunda temporada. A série continua envolvente e nos fazendo refletir, mas não como antes. O fato de Hannah agora ser uma espécie de fantasma ou a própria mente de Clay em seu terror psicológico, não me agradou. Além disso, a série cria uma tensão muito grande em torno de outros personagens como Tayler por exemplo e no fim termina de uma forma banal.

POR FIM

O fato é que esta série mexeu com minha vida e depois que a assisti fazendo minhas reflexões, hoje posso enxergar de uma forma bem diferente alguns problemas comuns vividos por quem me cerca. “13 Reasons Why” ficou um bom tempo fora da minha lista de prioridades e nos últimos dias se tornou a minha prioridade número um. E como já foi renovada, que venha a terceira temporada!
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