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27/02/2018 às 16h33min - Atualizada em 27/02/2018 às 16h33min

'Me chame pelo seu nome'

KELSON VENANCIO | COLUNISTA
Foto: Divulgação

“Me chame pelo seu nome” é um dos filmes indicados ao Oscar de 2018 e concorre em quatro categorias, inclusive na de Melhor Filme. O longa que tem a direção de um Italiano e a produção do brasileiro Rodrigo Teixeira conta a história do sensível jovem Elio, o único filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman. O garoto de 17 anos está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e pacata paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver, um acadêmico que veio ajudar na pesquisa de seu pai, chega.

O roteiro deste longa é uma adaptação do romance de mesmo nome "Call me by your name" do escritor André Aciman. A história, apesar de ser bem parada e algumas vezes até cansativa (acredito que de propósito), é muito bonita e abrange um tema bastante polêmico, especialmente nos dias de hoje, mesmo sendo retratado em plena década de oitenta. A descoberta da homossexualidade por um adolescente é mostrada de uma forma excepcional pelo cineasta Luca Guadagnino.

E nesse caso não podemos tirar o mérito do jovem ator Timothée Chalamet que interpreta Elio. Sem dúvida nenhuma o trabalho dele foi fundamental para que milhares de jovens que sofrem com o preconceito (ou não) se identificassem com o personagem dele. E independentemente do gênero, todos nós já passamos pela fase da puberdade que é bem explorada no filme. Os olhares de admiração por uma determinada pessoa, as vontades secretas que dão "asas à imaginação", o medo da primeira vez, a vergonha de algo que deu errado na primeira vez e uma série de outros fatores relatados com maestria na produção. E em tudo isso Timothée Chalamet convence e por isso foi um dos indicados ao Oscar de melhor ator, merecidamente. Ah, e Armie Hammer poderia estar entre os indicados a melhor coadjuvante também. Mas foi injustiçado pela Academia.

Para quem esperava um filme forte, daqueles que chocam a opinião pública, especialmente os preconceituosos, “Me chame pelo seu nome” consegue ir muito além. Tem sim cenas eróticas, afinal de contas se trata de uma história de amor entre dois homens, mas elas não são tão explícitas. E até isso é fundamental para o sucesso do filme já que estamos falando de um drama.

E o melhor de tudo é que a narrativa vai na contramão do que acontece na maioria dos casos de adolescentes que descobrem que gostam de pessoas do mesmo sexo. No caso, Elio tem o apoio dos pais, que não declaram isso abertamente, mas se mostram admirados e orgulhosos da "amizade" que o filho tem com Oliver. Até dão força para o garoto que sofre com a decepção e ilusão do primeiro amor. Quem dera se no mundo de hoje os jovens homossexuais tivessem pais como os de Elio. É algo difícil eu sei. Aceitar deve ser bem complicado. Mas um filme assim pode ajudar a mudar essa concepção!
 
Nota 9
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