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20/02/2018 às 15h38min - Atualizada em 20/02/2018 às 15h38min

'Pantera Negra'

KELSON VENANCIO | COLUNISTA

Um filme sobre o Pantera Negra era bastante aguardado pelos fãs das revistas em quadrinhos e desde que a Marvel anunciou, em outubro de 2014, que a produção finalmente seria feita as expectativas foram as melhores possíveis. E quando o herói africano apareceu nas telas pela primeira vez em Guerra Civil, ao lado dos demais Vingadores em 2016, ele simplesmente roubou a cena ao lado do Homem-Aranha aumentando ainda mais a ansiedade de um filme solo.

“Pantera Negra” se passa após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa (Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nela são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governo. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.

Com essa premissa, o diretor e roteirista Ryan Coogler foi bastante ousado em colocar nas telonas vários elementos nunca vistos nos cinemas. Pantera Negra, mesmo sendo um filme de um super-herói, aborda diversos temas que vão muito além de uma simples aventura das que vemos constantemente nos filmes de ação. A cultura negra africana é destacada de uma forma espetacular e em todos os sentidos. Na fotografia belíssima, na trilha sonora marcante do compositor Ludwig Göransson, no figurino de encher os olhos com as tradicionais roupas e acessórios africanos e no elenco que é praticamente formado por pessoas negras.
A ousadia de Ryan Coogler foi tão grande que o filme nos passa diversas mensagens subliminares "cutucando" o regime de governo norte-americano imposto por Donald Trump. Outras mensagens são bem diretas, como a questão do preconceito racial e o fato do continente africano ser enxergado pelo resto do mundo como um lugar pobre e de pessoas que só vivem na miséria. E por isso a valorização de Wakanda, um país fictício que retrata bem o sonho dos menos favorecidos africanos.

O elenco do longa é formado por atores de altíssimo nível e todos eles realizam um trabalho brilhante neste filme. Até aí o filme do Pantera Negra é excepcional. Mas infelizmente o que atrapalha a produção é justamente o lado do super-herói que foi pouco explorado. Para quem esperava ótimas sequências de luta, como aconteceu em “Guerra Civil”, provavelmente ficou frustrado com o resultado do filme solo. Os efeitos especiais são muito mal feitos, principalmente o CGI (computação gráfica) do próprio herói. As cenas de ação são muito escuras e temos a impressão de estar vendo bonecos brigando o tempo todo.

A história que serve de pano de fundo para o filme também não é lá essas coisas. Desperdiçam um ótimo vilão que é Ulysses Klaue (Andy Serkis) e criam outro "bom" vilão na metade do filme que é o Killmonger. Mas no conjunto da obra o filme merece ser visto e com certeza este personagem muda definitivamente o nosso olhar sobre um herói.

NOTA 7
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