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17/10/2024 às 08h00min - Atualizada em 17/10/2024 às 08h00min

Princípios

IVONE ASSIS
A política, a educação e a igreja sempre foram temáticas essenciais na formação humana. Delas se levantam tanto as grandes cabeças pensantes, como as ocas. Guerras e vitórias, perdas e conquistas, retrocesso e progresso... a maioria vem dos líderes desses grupos. Basta examinar a história, para comprovar os fatos. Isso não quer dizer que sejam os piores ou os melhores grupos, porém, que em tudo há problemas e possibilidades de melhorias e sucesso. E muito se depende de quem ocupa o poder de decisão.

Vejamos alguns exemplos rasos, e ainda frescos na memória, sendo um negativo e um positivo: na política, o holocausto (negativo) e a liberdade de expressão (positivo); na educação, a não reprovação de alunos (negativo) e a educação para todos (positivo); na igreja, a inquisição (negativo) e o ensinamento de valores (positivo). A lista seria infinita, mas aqui já possibilita o entendimento. Se a educação e a fé estão sendo punidas “injustamente” é porque a política está péssima e sua soberania sacrifica os demais.

Liberdade de expressão não é dizer o que dá na telha, mas, ser livre para ir, vir e se expressar, fazendo uso do bom senso e sabendo ouvir, ou seja, sem jamais faltar com o respeito ao próximo. Quando se aprovam alunos a qualquer custo, colocam-se a nação em risco, em todos os sentidos. Um aluno de medicina, de engenharia, de arquitetura, de direito, de pedagogia... de qualquer área, que é aprovado sem conhecimento, será um disseminador de problemas para a sua geração e para as gerações futuras. Aluno precisa estudar, ter conhecimento e conquistar, pelo mérito, o cargo que ocupa. E cargos políticos, igualmente, devem passar pelo crivo criterioso de formação, porque são os políticos que ocupam os cargos de administração pública.

Uma boa educação é composta de respeito, ética e conhecimento. À igreja não cabe o ego, esta deve manter o ensinamento de valores humanos, promover a ética, que refletirá na educação, e surtirá efeito nos sujeitos que ocuparão cargos políticos. Não me refiro aos dogmas teológicos, mas doutrinários, isto é, ao papel social.

A Administração pública existe para satisfazer as indigências da sociedade, e de modo algum pode ser moeda de troca, uma vez que saúde, segurança, educação... carecem de emergência, autonomia e respeito ético direto e indireto. O extravio ético, em qualquer esfera, coloca todos em risco.

A soberania do Estado deve ser para o bem da nação e não para o benefício de alguns. As pautas devem ser em torno da necessidade da nação e não sobre o mimimi de desafetos. Enquanto enchem tribunais de processos, custeados com dinheiro público, por desavenças políticas, a nação perece por falta de cuidados básicos. Se houvesse educação embasada nos valores humanos, a fúria daria espaço ao diálogo e ao respeito, e as pautas poderiam ser para um trabalho conjunto em prol das necessidades básicas da nação, que sucumbe a todo instante, trocando votos por comida e outros.

No livro “Paidéia: a formação do homem grego” (1936), Wemer Wilhelm Jaeger ensina: “Os políticos travam uma luta estéril contra a hidra. Entretêm-se a curar os sintomas, em vez de atacar a raiz do mal, por meio do tratamento médico natural, que é a educação acertada” (1994, p. 806).

Nesta semana, ouvi (e aprendi) do professor Dennys Xavier: “‘A República de Platão’ não é sobre política, é sobre Paideia”, ou seja, trata-se de um ensino sobre “formação, educação. Platão é professor” a todo tempo.

“Platão troça de um tipo de legislação que desce detalhe, e na qual vê uma exageração simplista da importância da palavra falada e escrita. Só pela educação (isto é, pela formação do Homem) se pode atingir o fim visado pelo legislador; e, quando aquela é verdadeiramente eficaz, dispensa as leis” (Jaeger, 1994, p. 806). Ora, ora, Platão veio ao mundo quase meio século antes de Cristo e a política e a educação já eram problemas ferrenhos. A política existe para o diálogo e não para a violência, e qualquer que fuja disso, viola os princípios.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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