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25/02/2019 às 07h47min - Atualizada em 25/02/2019 às 07h47min

Sem visibilidade, handebol persiste

CDHU/Futel mantém mais de 100 jogadores, entre homens e mulheres, em centro de treinamentos no Patrimônio

EDER SOARES
Atletas treinam no poliesportivo visando ao calendário de competições da temporada 2019 | Foto: Divulgação
Mesmo ficando em segundo plano na mídia esportiva brasileira, que tradicionalmente dá maior visibilidade às modalidades mais populares como futebol, vôlei e basquete, o handebol ainda sobrevive e mantém apaixonados no país. Não há números exatos de praticantes, mas pesquisas apontam que o handebol é o segundo esporte mais praticado nas escolas do Brasil, atrás somente do futsal.

O handebol é considerado por muitos educadores físicos e especialistas como um dos esportes mais completos, já que são utilizados movimentos constantes de braços e pernas. Em Uberlândia existem vários “guerreiros”, que mesmo em uma modalidade sem apoio do empresariado ainda acreditam que podem vencer dentro do handebol.

O Centro de Desenvolvimento de Handebol de Uberlândia (CDHU), que mantém parceria com a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel) desde 2016, é a equipe com maior número de praticantes da cidade e que difunde o esporte entre jovens, adolescentes e adultos. O Praia Clube também mantém uma escolinha para a iniciação para sócios e tem uma equipe de competição.

O CDHU foi criado em 2016 já em parceria com a Futel. Os mais de 100 jogadores, entre homens e mulheres, vão dos 10 até os 26 anos e treinam no ginásio do Poliesportivo do bairro Patrimônio, zona sul da cidade. O local é considerado a casa do handebol na cidade e já recebeu diversas competições de âmbito regional e estadual.

Raphael Artiaga de Carvalho, de 35 anos, é o treinador do CDHU e um dos fundadores da equipe. Apaixonado pelo handebol e formado em Educação Física pela Unitri, ele joga desde os 10 anos de idade. Além do CDHU, ele também é professor das escolinhas do Praia Clube. “O CDHU é um sonho que a turma do handebol da cidade sempre teve, que é criar uma instituição para o handebol. Com a parceira, começamos as atividades aqui no Patrimônio. Nós não temos como existir sem a parceira com a Futel, principalmente pelo espaço físico, onde o ginásio é a casa do handebol”, disse.

O Centro abriga atualmente 118 atletas, entre 10 e 26 anos. “É um trabalho que temos às nossas dificuldades, principalmente na parte financeiro. Nós funcionamos um pouco diferente, pois temos uma instituição com presidente, vice e fazemos um trabalho que visa a prestação de serviço para o atleta. Eles pagam (R$ 65) para participar de competições, que são muito caras e se não for dessa forma não conseguimos entrar”, disse o treinador. Só pagam mensalidade aqueles atletas que são de competição. Os jogadores que apenas praticam o handebol não pagam nada, sendo esta uma das contrapartidas da Futel.

Neste ano o CDHU tem competições importantes pela frente como a Liga do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Liga Brasil de Handebol, Campeonato Mineiro e ainda há a expectativa de entrar nos Jogos de Minas Gerais (Jimis). “O que eleva muito o nosso custo é o transporte, que está muito caro. Temos o objetivo de um dia representar a cidade em competições principais adultas nacionais, mas isso tudo depende de patrocinadores e apoio, pois atletas com capacidade técnica para que isso aconteça no futuro, nós temos. Tentamos fazer um trabalho de captação de recursos, mas isso aqui em Uberlândia é muito difícil”, disse o treinador.
 
PERSPECTIVAS 

Marco André Pires de Vasconcelos, de 15 anos, é jogador do Centro. O pivô está na equipe desde março de 2017. “Gosto muito do projeto, que abre as portas para quem quer praticar o handebol. Este ano temos competições importantes no ano e espero que consigamos grandes resultados. Eu sonho em poder jogar profissionalmente e acho muito ruim o handebol não ter tanta visibilidade aqui no Brasil, o que infelizmente é norma já que o futebol é o esporte dominante. Mas em outros países, como a Alemanha, o handebol tem uma visibilidade igual a do futebol. Espero que um dia aconteça isso no Brasil”, disse.

Um dos destaques da equipe feminina do CDHU é Ana Reis Buiati, de 15 anos. Ela treina desde os 10 anos de idade, quando o técnico Raphael ainda dava aulas no Uberlândia Tênis Clube (UTC). Ela garante que o seu objetivo de vida é ser uma atleta profissional de handebol, apesar de reconhecer as limitações de divulgação deste esporte no Brasil. “É o que eu quero para mim. Sabemos do pouco apoio para se ter uma carreira aqui no Brasil, tanto na base quanto no profissional. A falta de divulgação realmente atrapalha muito nesta questão. Mas desde a conquista do Campeonato Mundial pela nossa Seleção Brasileira Feminina, em 2013, melhorou bastante o handebol. Acho que o handebol vem crescendo ano a ano. Ele é um esporte que merece maior reconhecimento e acredito que isso está começando acontecer”, afirmou.
 
EVOLUÇÃO

Equipe masculina encerra Mundial em 9º lugar

 
O Brasil encerrou sua participação no 26º Campeonato Mundial de Handebol Adulto Masculino entre as dez melhores equipes do mundo. O 9º lugar na competição disputada na Alemanha e Dinamarca, neste mês, representa a melhor colocação na história do handebol masculino brasileiro. Com cinco vitórias e três derrotas, o time brasileiro conquistou mais do que a colocação inédita, mas o respeito dos adversários e a admiração e o carinho da torcida.

Para o técnico da seleção, Washington Nunes, a campanha é digna de muito orgulho e satisfação pelo desempenho de todos os jogadores.  Segundo ele, se tivesse que resumir a participação do Brasil no mundial numa palavra, ela seria “histórica”. “Foi sensacional. E, para definir esses meninos, a palavra é ‘ambição’. Eles têm muita ambição de avançar além do que avançaram”, disse ao site da Confederação Brasileira de Handebol. ​
 
HISTÓRIA

Esporte é derivado de modalidades similares

 
O Handebol é um esporte de equipes e de velocidade em que a bola é passada de mão em mão até atingir o objetivo final, o gol. Surgiu após a Primeira Guerra Mundial, derivado de diversas modalidades similares praticadas desde a Grécia Antiga, Império Romano e Idade Média. Este esporte chegou ao Brasil apenas na década de 1930 junto com imigrantes europeus, especialmente os de origem alemã.
Foi oficializado como esporte de salão com sete jogadores de cada lado no ano de 1954, quando a Federação Paulista de Handebol instituiu seu primeiro torneio aberto dentro da cidade. Curiosamente, o esporte permaneceu restrito ao estado de São Paulo até 1960. Só a partir dessa década que se tornou conhecido graças aos esforços de Augusto Listello, professor da cidade de Santos, que apresentou o esporte a colegas de outros estados de forma didática. Assim, o handebol se difundiu pelo país e outros torneios estaduais foram criados. (Fonte: História do Esporte)
 
REGRAS
1 - Cada partida tem duração de 60 minutos, sendo dividida em dois tempos de 30 minutos. Em caso de empate, prorroga-se o jogo, com dois tempos de 5 minutos
2 - O jogo é supervisionado por dois árbitros
3 - Tendo a posse da bola, o jogador tem o direito de dar apenas três passos. Em seguida, deve fazer algum movimento para passar a bola adiante
4 - É permitido que o jogador se desloque com a bola por mais de três passos quando ela é quicada continuamente no chão, como em um jogo de basquete
5 - É permitido a um jogador tomar a bola de um jogador adversário usando apenas uma mão e mantendo-a aberta. Não é permitido arrancar a bola da mão do adversário
6 - É permitido bloquear um jogador adversário com o próprio corpo. Caso o jogador use de agressões físicas, como puxões e empurrões, para impedir que o adversário faça gol, o juiz deve marcar um tiro de 7 metros, que é semelhante ao pênalti do futebol
7 - É proibida a permanência de um jogador na área do goleiro. É permitido, entretanto, que ele dê um salto e lance a bola enquanto está no ar
 
SERVIÇO

Os interessados em ingressar no projeto de handebol do CDHU/Futel devem ir, na parte da tarde, ao ginásio do Poliesportivo Patrimônio, ou se dirigir a outros Poliesportivos, que serão encaminhados ao CDHU.

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