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Mirtes dando treinamento para categorias de base na Arena Praia (Ascom/Praia) São 37 anos de dedicação ao voleibol, especialmente na categoria feminina, no qual muitos talentos já despontaram para o cenário nacional e até internacional. Mirtes França do Espírito Santo, de 56 anos, carrega consigo o estigma de ser uma treinadora linha dura, de cobrança intensa, mas que, no dia a dia de treinamentos e na busca pela perfeição técnica e tática de suas jogadoras no Praia Clube, pelo qual trabalha desde 2006, é muito querida e admirada.
A carreira dessa uberlandense no esporte começou em 1978, como jogadora do Uberlândia Tênis Clube (UTC). Casada e mãe de dois filhos, Mirtes é graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e tem pós-graduação em Esporte para Deficiente Físico. “Como jogadora, disputei vários campeonatos estaduais e um dos principais entre os nacionais, a Taça de Prata, que hoje corresponde à Liga Nacional B. Não cheguei a disputar competições profissionais, pois em 1982 fui convidada a dirigir as equipes de base do UTC, onde iniciei minha trajetória como técnica de voleibol”, disse.
Atualmente, Mirtes treina as categorias sub-16, sub- 17 e sub-18 de vôlei feminino do Praia Clube. Com 13 anos de trabalho na lapidação e revelação de jogadoras, são inúmeros títulos na base, como dois vice-campeonatos dos Jogos Escolares Brasileiros, vice do Campeonato Brasileiro de Seleções com a Seleção Mineira; tricampeã Estadual Mirim, tricampeã Estadual Infantil, tetracampeã estadual infanto-juvenil, tetracampeã do Campeonato Metropolitano infanto-juvenil e campeã invicta do Brasileiro Interclubes na categoria sub-16, em 2017.
Entre várias atletas que foram trabalhadas por Mirtes na base do Praia Clube, algumas disputam a Superliga Feminina, inclusive como adversárias do time uberlandense. A levantadora Ana Flávia defende o São Caetano, a ponteira Natália e a central Fernanda defendem o Brasília e a oposta Maria Luiza está no atual líder da Superliga, Minas Tênis Clube.
AGRADECIMENTO A levantadora Juliana Carrijo, formada no Praia Clube e que atuou por várias temporadas pelo time uberlandense na Superliga como titular, sendo vice-campeã na temporada 2014/2015, disputa a Superliga pelo Fluminense (RJ). Ela relembra da época em que passou pelas mãos da treinadora e conta o quanto aprendeu com as cobranças mais fortes de Mirtes.
“Ela sempre foi muito enérgica, sempre colocou muita paixão no que faz. E isso era transmitido para a gente, como é também para as atuais alunas. Quando se é mais nova, algumas pessoas se assustam um pouco [com o jeito de Mirtes], mas não era nosso caso ali, todas gostavam muito do trabalho dela, e dela como pessoa também. Sempre foi muito humana, se preocupava com a pessoa Juliana, não só com a atleta, e isso é muito bacana. Até hoje, quando nos vemos, ela está sempre querendo saber como estou, sempre me dando conselhos do que acha que é melhor pra mim”, disse Juliana, que completou.
“Eu vejo a Mirtes como uma grande profissional, técnica, formadora mesmo, um tipo de profissional que hoje em dia, no nosso país, está um pouco escasso. Ela, com certeza, acrescenta muito para o desenvolvimento das meninas que querem virar jogadoras em Uberlândia.”
COBRANÇA Quem nunca viu o trabalho da Mirtes França no dia a dia de treinamentos da base de vôlei do Praia Clube acaba se assustando um pouco com o jeito enérgico da treinadora, mas ela mesmo explica a postura e garante que as jogadoras entendem. “Quando se trabalha na base, é necessário impor muita disciplina e responsabilidade para que se consiga resultados consistentes, e isto é fundamental para manter a concentração e o nível de competitividade da equipe. As meninas, no início, sentem um pouco meu jeito sério e às vezes rígido, mas com o tempo elas percebem que tudo é feito para o bem de todas e da equipe. Quando os resultados começam a aparecer, elas entendem e apoiam essa forma de tratar os treinamentos do dia a dia”, disse.
FUTURO Sonho de treinar equipe na Superliga
No voleibol atual, poucas mulheres assumem o cargo de treinadoras em equipes adultas. Na Superliga Feminina, Sandra Mara Leão foi a última a comandar um time adulto naquela que é a elite do voleibol nacional e uma das principais ligas do mundo.
Chegar a um dos times da Superliga é um dos sonhos de Mirtes França do Espírito Santo. “Todo técnico pensa um dia em treinar equipes adultas, não seria diferente comigo. Esse desejo não morre jamais, porém, me encontro muito feliz em trabalhar na base e colaborar com a formação de novos talentos para o voleibol”, disse a treinadora, que acredita não haver muitos segredos para se construir uma atleta de alto nível.
“É trabalhar com seriedade todos os dias, manter a disciplina e foco nos treinamentos diários, e, principalmente, o atleta entender e se dedicar ao máximo. O aperfeiçoamento individual é alcançado com muito treinamento, repetição de movimentos e gestos técnicos que levam ao crescimento e amadurecimento do atleta”, completou.
MOMENTO A treinadora praiana discorreu também sobre o atual momento do voleibol nacional e sobre a Seleção Brasileira. Para ela, é preciso mais investimento dos clubes na base. “Entendo que já tivemos safras melhores e que para continuarmos a revelar novos talentos se faz necessário mais investimento na base. Hoje, as equipes investem muito na categoria principal [adulto] e o mesmo não acontece na base”, disse Mirtes.
Ela também acredita ser possível que o Praia tenha, um dia, uma equipe com maioria de jogadoras formadas em casa. “Acredito que seja possível pois já revelamos várias jogadoras, que hoje estão disputando a Superliga e outras ligas importantes, inclusive fora do país. Isto mostra que estamos no caminho certo.”
CALENDÁRIO BASE Neste ano, como competições mais importantes, as categorias de base do Praia Clube irão disputar os Jogos Escolares em suas diversas etapas, com objetivo de chegar à fase nacional, além de disputar os campeonatos estaduais e o Campeonato Brasileiro interclubes.
