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10/10/2017 às 17h18min - Atualizada em 10/10/2017 às 17h18min

Inovação e sobrevivência das empresas familiares

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA

Alterar, modificar, variar, converter, transmudar. Deslocar para outro lugar.

Transformar faz parte da essência de qualquer organismo, seja ele vivo ou organizacional. Se você, por exemplo, tem a ilusão de que não se transforma a cada minuto, está errado! Tudo e todos estão em um constante processo de modificação, seja positiva, negativa, intencional ou involuntária.

Sejam elas alterações políticas ou sociais, econômica, ou de hábitos, costumes e práticas culturais e até mesmo tecnologias, as transmutações são fundamentais para que, no caso das empresas, essas sobrevivam ao cenário atual. Resistência, nesse caso, não levará a local algum a não ser o de falência, seja hoje, amanhã, daqui 2 anos ou uma década. E nesse caso, o pulo do gato é tomar consciência, controlar e extrair o melhor das pessoas em relação aos acontecimentos futuros. E parar de tentar evitar o inevitável.

Mas mudar nunca foi e nem será fácil, ainda mais quando essas alterações podem acontecer de maneira multifatorial, afetando as empresas como um todo. As mudanças podem ser estruturais, comprometendo diretamente a hierarquia da empresa de cima a baixo; podem ser estratégicas, na busca de melhores resultados através de soluções distintas do que tem sido feito há anos; operacionais, que certamente terminarão aprimorando ou substituindo processos; ou até mesmo táticas, de maneira a contribuir para que as aplicações dessa organização sejam feitas de maneira mais eficiente. Na prática, isso significa a criação de uma nova área ou dissolução de outras, a alteração de hábitos na rotina da empresa e a implantação de novas tecnologias, por exemplo.

E aí pode estar a chave que começa a abrir todas as portas: o avanço tecnológico. Não adianta tentar nadar contra a maré. Com o crescimento da Internet e a globalização, a tecnologia e a inovação passaram a ter um papel especial nos negócios e na administração das empresas familiares, servindo como suporte para novos modelos empresariais e como estopim para processos sucessórios. Hoje, somente através da tecnologia, é possível conhecer melhor o ambiente competitivo que a empresa está e gerenciar as informações de maneira que ajudem os administradores a tomarem decisões acertadas - o que antes era feito apenas no feeling e na prática de mercado. E a inserção dessa ferramenta em empresas familiares, geralmente se dá com a chegada dos sucessores no processo de administração dessas organizações.

Mas tantas mudanças assim não são fáceis de serem enfrentadas.

Esse é um momento delicado. Mas trata-se da manutenção da fonte de renda para sustentar a família, e da continuidade do sonho do empreendedor que fundou a sua empresa. A melhor opção, pensando estrategicamente, é que se perceba a necessidade urgente de encaminhar esse tema da sucessão antes que a surpresa seja maior e afete a saúde não só do negócio, mas também das relações familiares.

Nesse sentido, evoluir para um organograma em que os fundadores já não estão mais no comando, é, portanto, um grande e tenso passo a ser dado, pois se trata de garantir que a empresa continue sólida e saudável, mas agora na mão de irmãos mais novos, filhos ou parentes mais jovens.

Não podemos esquecer que as empresas familiares representam uma parte significativa da economia brasileira, e que além de ser o sonho do fundador, perpetuá-las é fundamental para equilíbrio da economia do país. E essa responsabilidade está nas mãos de uma nova geração.

Esses mesmos jovens, que possuem pouco mais de 20 anos, estão dispostos. Estão acostumados a executar múltiplas tarefas e não querem perder tempo. São imediatistas. Possuem também o ímpeto e a coragem necessária para arriscar. Tais características são fundamentais para que o negócio inove e busque modernidade, tornando-o competitivo dentro do mercado. Além disso, percebendo a crise e o crescimento do mundo digital, os jovens querem se capacitar para colaborar e deixar a sua marca na gestão das empresas de suas famílias.

Abrir o próprio negócio, gerir com eficiência e trasformá-lo em um empreendimento bem-sucedido já foi feito. Agora, executar tudo isso, transformando gestões e processos e gerindo um negócio que já existe, pode parecer mais fácil, mas é um desafio igualmente árduo. O segredo, talvez, seja dosar a jovialidade, impetuosidade e energia, junto ao espírito de liderança, pés no chão e sabedoria dos não tão modernos, mas extremamente vitoriosos, que, do pó, construíram o castelo que hoje está sendo redecorado.

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