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09/08/2023 às 08h00min - Atualizada em 09/08/2023 às 08h00min

O estigma na saúde: um desafio para a igualdade de tratamento

Por Heitor Bernardes, nutricionista e professor do Centro Universitário Una.
Na busca por uma sociedade mais justa e inclusiva, o combate ao estigma tem se mostrado fundamental em diversos aspectos, especialmente na área da saúde. O estigma, que pode ser definido como um conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminação voltados para determinados grupos ou indivíduos, tem o poder de afetar negativamente a vida das pessoas, principalmente quando relacionado a condições de saúde física e mental. 

Quando se trata de saúde, o estigma pode se manifestar de diferentes maneiras, como exclusão social, tratamento desigual e negação de acesso a serviços de qualidade. Essa realidade é especialmente alarmante em relação a condições como HIV/AIDS, doenças mentais, obesidade, dependência química e outras. Um exemplo é que, de acordo com pesquisas, o estigma associado ao HIV/AIDS pode levar a atraso no diagnóstico, tratamento inadequado e evitação de cuidados de saúde por medo de julgamentos, o que dificulta o controle da doença e perpetua a estigmatização.

Em um artigo publicado recentemente pelo meu grupo de pesquisa, em que avaliamos o atendimento odontológico da população LGBTQIA+, identificamos que esse grupo evita os serviços de saúde, em especial os consultórios odontológicos, e adiam tratamentos pela vivência de experiências negativas, como discriminação, preconceito e estigma. Além disso, identificamos uma carência na formação profissional e a nível de graduação sobre essa temática, uma vez que estudantes e profissionais da área de odontologia, de forma geral, não estão preparados para atender indivíduos LGBTQIAP+.

Ações positivas já estão sendo desenvolvidas em várias partes do mundo, mas, para combater o estigma na saúde, é fundamental adotar uma visão crítica em relação às crenças e atitudes preconceituosas. É necessário promover a educação e conscientização sobre as doenças, desmistificar informações errôneas e estabelecer políticas inclusivas que garantam a igualdade de tratamento. Além disso, é fundamental envolver profissionais de saúde na luta contra o estigma, incentivando a empatia e o respeito no atendimento aos pacientes.

Também é necessário um esforço conjunto de governos, organizações da sociedade civil, profissionais de saúde e comunidades. Políticas públicas devem ser implementadas para promover a igualdade de acesso aos serviços de saúde, bem como a inclusão social das pessoas estigmatizadas. É fundamental apoiar iniciativas que ampliem a conscientização e a compreensão das condições de saúde, envolvendo a mídia, escolas e outros atores sociais na disseminação de informações precisas e na promoção de uma cultura de respeito e empatia.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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