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03/09/2017 às 05h28min - Atualizada em 03/09/2017 às 05h28min

E-raiva: esbravejar nas redes é nocivo!

KELLY BASTOS | COLUNISTA

MEDITAÇÃO

Ao meu Deus, que pode todas as coisas, toda honra e todo louvor

 

COMPORTAMENTO

E-RAIVA: esbravejar nas redes é nocivo!

Essa emoção sempre existiu. Mas, em tempos de internet, parece até que virou moda esbravejar por aí. A verdade é que não devemos esconder nem levantar a bandeira da raiva, mas aprender a modulá-la. Será que estamos ficando mais raivosos? “De modo geral, o sentimento é uma consequência direta do estresse. À medida que a pressão aumenta na sociedade, também a raiva surge com maior frequência”, responde a psicóloga Eliana Alves Pereira, coaching. Um item a mais, contudo, parece engrossar esse caldo: em tempos de redes sociais, e-mails e SMS, é possível expressar qualquer sentimento sem olhar nos olhos de alguém. É a chamada e-raiva, ou e-anger, termo cunhado pela psicóloga americana Louise Doncaster, em 2003. “A tecnologia moderna tirou o olho no olho”, diz Eliana. E isso diminui o filtro na hora de dizer aquelas verdades iradas — sendo elas justas ou não. Mas engana-se quem pensa que extravasar o sentimento na web possa trazer alívio ou outras consequências benéficas. Dois estudos feitos pela Universidade de Wisconsin (EUA) atestaram que escrever ou ler comentários raivosos em sites de notícias, redes sociais, fóruns de discussão ou blogs não é uma prática saudável. Segundo o levantamento, quem faz disso um hábito torna-se mais nervoso, frustrado e com um estilo de vida menos ajustado que o normal.

 

REAGIR PARA AGIR

Vale lembrar que a emoção faz parte do rol de ferramentas primárias com as quais todo ser humano já nasce, juntamente com o medo, a alegria, a tristeza e a surpresa. Muitas vezes essa emoção surge como uma reação biológica. Os hormônios do estresse são liberados no sangue. A respiração e os batimentos cardíacos se aceleram. As pupilas dilatam e a corrente sanguínea se concentra ao redor dos músculos. “Esse estado físico e emocional serve para mobilizar o sistema nervoso para um determinado objetivo, aumentando o que chamamos de fitness do organismo. Ou seja, a pessoa passa a ter maior chance de êxito num contexto ambiental específico”, explica a profissional. E esse contexto pode ser o mais variado, passando pela necessidade de mostrar as garras para se sair bem num emprego, enfrentar quem ameaça aqueles que você ama ou quem está ocupando um espaço que julga ser seu.

 

EQUILÍBRIO DO BEM

Ninguém está dizendo que a raiva precisa ser engolida. Até porque, dessa forma, ela pode explodir em gastrite, hipertensão e outros problemas. É preciso deixar a raiva ir escapando aos poucos para não perder a cabeça num acesso de fúria violento. No cérebro, esse sentimento passa por processos. O segredo está em conseguir segurar as pontas e pensar, um pouquinho mais, antes de se render aos impulsos e só piorar as coisas.

 

DOME ESSA FERA

Quando a cólera vem, deve ser dominada, mas não ignorada. Nem tente esmurrar almofadas para descontar a tensão. É preciso lidar com a realidade, mostrando à raiva quem manda em quem. Respire para oxigenar o cérebro e relaxar a musculatura; tente lembrar que nem tudo é uma questão pessoal; e, se possível, saia de perto da situação que a deixou nervosa. Brigar com o chefe, o marido, ou o filho é, às vezes, inevitável. Se nos lembramos de manter o coração leve, no entanto, logo a tempestade dá lugar à bonança.

 

Inspira, expira e não pira

Algumas situações nos tiram do sério. Mesmo assim podemos respirar fundo e não só desviar de uma atitude insensata como ainda minimizar o clima pesado no ar.

- No trânsito -  Se tomar uma fechada, em vez de gritar ou ir à forra, analise: “Será que foi ele quem me fechou, ou eu quem não sinalizou direito?”

- Numa discussão de trabalho - Vá tomar um café ou uma água. Acredite: é o tempo de que você precisa para elaborar uma reação mais sensata.

- Quando o chefe disser uma coisa que a enfurece - Evite a resposta reativa. Ele pode não ter a razão, mas tem o poder. Pergunte-se: “Isso vai me ajudar ou vai agravar ainda mais o problema?”

- Se o filho pequeno fizer birra - Lance mão do efeito Bellac. “Consiste em falar para a criança, ou qualquer outra pessoa, que ela é muito legal. Então ela se tornará mais fácil de lidar para corresponder à boa imagem que se tem dela”, explica Eliana. Mas faça isso de forma sutil, ok?

- Na hora que a internet não estiver funcionando - Há mil coisas que você pode fazer sem ela: ver televisão, ler, ligar para uma amiga, arrumar as gavetas, exercitar-se...

- No telefone, há meia hora aguardando pelo atendimento do telemarketing - “Experimente dizer para si mesma: ‘Cal-ma!’ Quem mantém a calma detém também o controle”.

- Quando o vizinho de cima não parar de fazer barulho - Lembre-se de que o síndico existe para resolver essas questões. Buscar a figura de um intermediador é mais sensato e útil que agir por impulso.

- Ao se sentir injustiçada – Ore. A tática funciona para aplacar a raiva, como concluiu uma pesquisa realizada na Universidade de Ohio (EUA), em 2011. Não importa para quem é direcionada a oração: a diminuição da raiva deve-se menos à intervenção divina e mais ao fato de que orar muda a forma como as pessoas se comportam com relação a situações negativas.

- Quando a fila não andar e você já estiver atrasada - Dê-se conta de que há coisas que você não pode controlar. Saia e volte outra hora. Se não for possível, recorde-se: “Dai-me forças para mudar o que pode ser mudado, resignação para aceitar o que não pode e sabedoria para diferenciar entre um e outro”.

- Depois de uma discussão - Converse com alguém. Uma pesquisa comprovou que descrever o sentimento funciona para baixar o ritmo cardíaco e a sensação de irritação. Em qualquer situação que pareça absurda... O bom humor é um precioso antídoto quando o riso vem cheio de aceitação. O palhaço aprende a extrair de uma falha ou imperfeição a sua própria humanidade. Podemos aprender com ele — o que acha?

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