Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
26/10/2024 às 08h00min - Atualizada em 26/10/2024 às 08h00min

Temos que criar outras maneiras de existir

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Os meus textos e as minhas falas parecem quase nunca concordar. De maneira antagônica consigo expressar os meus momentos. Entre as minhas dores e as minhas alegrias, há muita coisa a se contar.

Enquanto na frente da tela escrevo as dores que tenho e as que o mundo me deu, entendo que ninguém é responsável por elas. Por isso, o meu sorriso e meu discurso otimista e sonhador me proporciona memórias que me curam de uma realidade que tento mudar, contudo, o meu sofrimento é meu e cabe a mim transformá-lo.

Como se fosse uma terapia, o ato de escrever me liberta de muitas armadilhas que a minha mente construiu, por outro lado, as palavras de otimismo e a minha teimosia em não aceitar o óbvio, podem me fazer sofrer, mas elas me permitem sonhar com algo que ainda não crei. Assim continuo buscando maneiras de transformar o meu mundo, equilibrando as palavras que escrevo com as palavras que falo.

Poderia ser o que mundo espera de mim, seria igualmente ou mais doloroso, no entanto, a nossa limitação nos faz contentar com pouco e ao ter a aceitação e, ao mesmo tempo receber os pequenos aplausos dos outros,  faz o nosso ego inflar e nos dá uma falsa autoestima que nos leva acreditar que vencemos.

De maneira simplista e cruel, tanto os textos quanto as nossas falas podem nos remeter a nossa zona de conforto, ao nosso desespero ou nos fazer acreditar em uma utopia.  Invariavelmente, transitamos nesses três caminhos, ficamos mais tempo em um do que em outro, mas certamente, temos marcas que vão da mais profunda depressão ao olimpo da alegria.

Escolhi, por entender que a solitude e a solidão são irmãs, ser mais sonhador. Não é fácil, a zona de conforto está lá e também  é fácil me desesperar, a sociedade também permite. Entre criar algo novo, me aceitar como querem que eu me aceite e me desesperar pelo o que eu não consegui, eu decidi ir contra as correntezas.

Na solidão de quem escreve o que muitos sentem, todavia vive e fala palavras que nos fazem acreditar que é possível mudar, vou construindo meu caminho. Nesse equilíbrio, no qual descarrego na tela as minhas frustrações, mas vivo e falo para o mundo, vamos melhorar, chego a conclusão que não há certo ou errado, existe apenas a forma que conseguimos viver.

Eu sei que as palavras têm poder e eu as utilizo, na maioria das vezes, acompanhada de um sorriso, pois sei que a realidade que quero pode se abrir, de uma maneira leve e com menos sofrimento, porém, eu busco fazer a minha parte, acolho o mundo como é, somos o que aprendemos a ser, só temos que criar outras maneiras de existir.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90