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19/10/2024 às 08h00min - Atualizada em 19/10/2024 às 08h00min

O hiato do tempo que desconhecemos

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
A vida passa! Mas a noite sempre chega, sempre na companhia de várias memórias e muitas histórias que, um dia, contaremos com  mais ou menos entusiasmo. Algumas vezes aumentamos, outras vezes fingimos esquecer. É engraçado como o dia nos faz automáticos, programados e presos entre obrigações e expectativas. E no final, esperamos a noite para ser livres..

Entre acordar e reviver a nossa medrosa e limitada realidade e a noite, criamos uma Matrix na qual nos iludimos e acreditamos que podemos mudar o mundo, seguimos dividindo as horas e contando os minutos de felicidade.

Alguém já se perguntou por que aceitamos tão pouco? Ou ainda, por que queremos algo palpável? É estranho querer quantificar e pegar a felicidade, sabendo que ela é um sentimento desprendido das luxúrias que alimentamos.

Aprendemos errado e, contraditórios que somos, vamos moldando as nossas emoções e desvalorizando o tempo. Em busca de ter e não usufruir, esquecendo que o tempo não  volta e os momentos são lembranças que, quando o tempo nos sobrar, iremos lembrar com saudosismo. Sem poder reviver, porém, contando como, na verdade, gostaríamos que tivesse acontecido. 

Carregado de emoções, seja de saudade ou frustração, os nossos sonhos noturnos sempre são despertados por uma manhã de realidade, às vezes ensolarada e muitas vezes sombria.Por isso, inventamos a arte  para nos dar um tempo que não temos, para nos aliviar da realidade e para acreditar na nossa imaginação.  

A arte, seja ela qual for, pode transformar qualquer dia em uma roda de samba, ou um riff poderoso de uma guitarra, pode ser mais complexo e belo como a  sinfonia de uma orquestra, enquanto o teatro pode nos levar ao passado ou, nos mostrar um possível futuro que cabe a nós definir. 

A leveza e a pluralidade da arte pode nos dar uma nova vida, pode nos transportar para  um tempo sem cronômetro e nos dar um futuro melhor do que o automático que nos acostumamos a ser.

No tempo em que enfrentamos a realidade ou inventando sonhos a noite, temos um hiato desconhecido, um  tempo invisível que, por medo, acreditamos ser melhor. Calculado entre a evolução que buscamos e os seres humanos que esquecemos.

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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