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05/10/2024 às 08h00min - Atualizada em 05/10/2024 às 08h00min

Entre nossas promessas e a dos outros

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Eu prometo dormir mais cedo
Eu prometo prestar atenção na aula
Eu prometo estudar para a prova
Eu prometo ajudar a minha mãe em casa.

Eu prometo que amanhã eu faço
Eu prometo que de hoje não passa
Eu prometo, da próxima vez, vai dar certo
 Agora, eu aprendi.

Eu prometo que ano vem tudo será diferente
Eu prometo que ano que vem, vou fazer regime
Eu prometo que vem, vou estudar aquele curso que sempre quis
Eu prometo que ano que vem, eu serei um empreendedor
Eu prometo que ano que vem, o mundo vai me notar.

Eu prometo cuidar mais de mim
Eu prometo ser mais calmo
Eu prometo ser mais compreensivo
Eu prometo ser menos ansioso
Eu prometo não me importar tanto
Eu prometo ser mais amoroso
Eu prometo ser feliz.

De promessas que não cumprimos 
Também tem a que fingimos acreditar
Ano após ano
Culpando alguém por não sair do lugar
Ano após ano, apostando na fé para suportar.

Mais fácil encontrar culpados 
Do que encontrar soluções
Mais fácil mentir
Do que mudar.

Mais fácil levar na brincadeira
Do que ter esperança
Mais fácil nos deixar iludir
Do que pensar em algo novo
Mais fácil ver a roda girar
Do que construir várias rodas gigantes.

Eu sei 
Vou continuar dando desculpas
Eu sei  
Vou inventar um novo problema
Eu sei 
Todos querem a minha e a sua luta
Eu sei
Vou reclamar
Vou ficar nervoso 
Vou me alimentar dos seus likes
Vou cuspir minha valentia
Não me importo
Eu não te conheço.

Eu quero 
Saúde
Emprego
Comida
água
Diversão
Educação
Arte
Segurança
Liberdade
Inclusão.

Talvez 
Não nessa ordem
Mas são projetos tão bonitos
Assim como nós também temos
Quantos você cumpriu?
E quantos você viu acontecer?

Entre promessas do passado
E as promessas do futuro
O presente apreensivo
E o medo
Sempre nos impede de agir.

Entre culpar o mundo ou os outros
Fazemos o simples
Tiramos o nosso foco da gente
Mais depressivos e desesperados
Nas mãos de quem nunca iremos conhecer.

No final
As nossas escolhas 
São as nossas armadilhas
Pensamos no futuro
Mas sabemos
Há um passado
Culpamos alguém ou a nós mesmos
O importante é ter a certeza
Que o futuro sempre virá
Mas sempre acompanhado
Do medo
De um passado no qual não cumprimos nossas promessas
Muito menos vimos o mundo perfeito que sempre nos prometeram.

Não devemos comemorar
Temos que nos cobrar
De nós
E dos outros.

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.



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