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12/10/2024 às 08h00min - Atualizada em 12/10/2024 às 08h00min

A humanidade chora, mas o espaço nos espera

IGOR CASTANHEIRA
Como é instigante e maravilhoso o futuro, não é mesmo? Como é nostálgico, dolorido e saudoso o passado, sempre tentando reviver ou consertar alguma coisa. Nesse caos, entre o passado que temos e o futuro que buscamos, esquecemos, nos matamos e nunca temos tempo. Nesse presente que estamos, queremos o que passou, ao mesmo tempo em que ficamos sonhando com o que virá, sobrevivemos com o pouco tempo que temos.
 
Nada será como antes e nem tudo será como poderia ser. Entre sussurros de prazer e a dor lacerante do dia a dia, vamos nos sucumbindo e nos tornando mais selvagens.
 
Prestes a gritar e a um minuto de desistir, seguimos caindo na armadilha da evolução. Debatendo com milhares de conflitos internos e lutando contra os medos externos, estamos vendo e sentindo um mundo cada vez menor, sem muito mais o que fazer ou desbravar, tentando encontrar em guerras uma nova colonização com uma velha maneira de imposição de força.
 
Conhecemos e determinamos o mundo como um habitar, que estamos destruindo, a fim de encontrar o futuro, sempre valorizando e nunca superando o sofrimento do passado. A humanidade enxerga no espaço uma esperança. Aos poucos vamos deixando a terra, já que ela está a nossa cara.
 
Sem vida, sem cor e com a natureza se revoltando. Cada vez mais tecnológicos, menos inteligentes e mais soberbos. Fazendo da inteligência artificial um trunfo de autodestruição, pois a humanidade imperfeita, acredita de tempos em tempos que pode tudo.
 
Nunca fomos e nunca seremos inteligentes! Apenas temos a capacidade limitada e inconstante de raciocinar. As nossas emoções e sentimentos como animais estão sendo julgados e enquadrados em teorias e teses sempre ultrapassadas. Enquanto isso, a famigerada desinteligência emocional e nossa superioridade que nos limita a alguns padrões, mostra que o mundo está pequeno para as nossas diferenças.
 
Podemos nos enganar! O futuro não chegará e o passado terá várias versões, só cabe a nós absorver crenças e acreditar no que nos dizem. Agora, conformados com a escassa vida humana, temos que controlar ou combater nossos sentimentos e emoções, muitas em decorrência de um exterior cada vez mais escuro.
 
Não temos mais a terra para ter como nossa, nós já a dominamos. Agora é a vez de ter a humanidade em suas singularidades. O que você tem? Ou qual é o seu problema? Qual o seu defeito? Mas é fácil mudar e limitar 7 bilhões de pessoas do que mudar o mundo.
 
Inteligente, não é? Demoramos tanto para chegar a essa estrutura doente, para que mudar agora? Afinal, a humanidade se adapta.  Entre o mundo virtual e a realidade, tudo pode ser uma mentira. Porém, uma delas não é a verdade, mas conseguimos fingir melhor com ela.
 
A humanidade quer o espaço, pois se cansou da terra. Com a consciência de que fez do mundo algo insuportável e completamente preso às nossas limitações estruturais, nos tornamos frágeis emocionalmente e, por isso, estamos querendo uma inteligência artificial.
 
A nossa inteligência real nos tornou animais invisíveis e nos fez perder os prazeres e nos levou a atos autodestrutivos dos quais as nossas emoções são objetos de estudo e nossos delírios de felicidades são momentos de loucura.
 
Invisíveis e expostos 24h por dia, tudo virou estudo e debate, nada é natural. Tudo é meio artificial e sem vida. Como diria Belchior “Ano passado, eu morri, mas esse ano eu não morro”.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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