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28/09/2024 às 08h00min - Atualizada em 28/09/2024 às 08h00min

Inclusão é acolhimento, simples assim

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Setembro vem chegando ao fim, o mês onde as pessoas singulares são lembradas, histórias de superação são amontoadas nos mais diversos tipos de mídia e a sensibilidade humana se atiça por alguns momentos.

Falta acessibilidade, falta comunicação, falta estrutura, falta compreensão, falta criatividade, falta inteligência, falta aprendizado, falta sabedoria, falta humanidade. Contudo, sobra soberba, ignorância, oportunismo, ganância e desprezo. Tudo isso, misturado em doses, cada vez menos eficazes de empatia, diluídas em excessos volumosos de informações, acompanhadas de pouco conhecimento, no entanto, alimentadas pelo medo compartilhado instantaneamente.

Para disfarçar e camuflar a nossa pequenez, vamos criando e imaginando mais teorias, impondo regras e determinando o que é socialmente aceito. Assim, seguimos nos adaptando, nos limitando e tentando nos encaixar.

Em um quadrado cada vez menor, mais sufocante e menos confortável, vamos nos encolhendo e aceitando, afinal, antes era pior, agora podemos ser aceitos, tão pouco para um mundo tão pequeno.

Posso me contentar com que me dizem ou com o espaço que me oferecem? Posso, mas não quero, é pouco e triste. A nossa muleta é a mesma que a tão avançada humanidade tem. Pois, ela não sente o peso que sentimos, claro, a nossa inteligência a criou deste modo. 

Então, ela só nos devolve o que temos. De fato, não me aceito e estou muito bem assim. O mundo está sentindo como a humanidade nos faz sentir, cada vez mais insignificantes. 

Por Favor, você também já se sentiu excluído, foi rotulado, mas você não carrega os defeitos da humanidade em uma palavra simples e o horrível, a deficiência, todo peso do fracasso de uma raça, colocada como a desculpa perfeita para que cada vez mais pessoas tenham que se superar para serem aceitas no mundo. Compensa?

Essa mesma humanidade se recusa a mudar e nos força a nos adaptarmos a um sistema, melhor do que já foi antes, todavia, longe de ser “aceitável”, a questão é: somos incapazes de enxergar o mundo diferente e realizar mudanças sem sofrimento. Lutamos para ter, sofremos para ser, vamos a terapias para suportar, tomamos remédios para aliviar e alguns têm momentos para relaxar.

Compreenderam o processo pequenas cargas e recargas de felicidade são suficientes por um longo período de falta de humanidade e um excesso de escassez da própria vida. Cada um sente o peso do seu rótulo e sente o peso da falta de humanidade, quem sou eu pra falar qual rótulo dói mais, mas os que carregam o peso da falta que os define ainda se contenta em ser aceito. 

Conformados e abusados por um mundo despreparado, usamos essas datas para enaltecer o que nos falta, todo dia se “celebra” o sofrimento de alguém, tão comum e tão desnecessário se fossemos melhores.

Porém, enaltecemos o que queremos e não transformamos quem somos, pois todos podemos fazer um mundo melhor se a inclusão foi definida por um simples gesto, o acolhimento.

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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