15/06/2024 às 08h00min - Atualizada em 15/06/2024 às 08h00min
Pedra na vesícula é perigoso?
JOÃO LUCAS O'CONNELL
Em um dia qualquer, você está aproveitando uma refeição deliciosa, quando, de repente, uma dor aguda e intensa surge no lado direito do seu abdômen. Esse cenário pode ser familiar para muitas pessoas, pois é um dos sintomas clássicos da litíase biliar, mais conhecida como pedras na vesícula. Mas o que são essas pedras e como elas se formam?
A litíase biliar é a formação de cálculos, ou pedras, dentro da vesícula biliar, um pequeno órgão localizado abaixo do fígado. A vesícula biliar armazena a bile, um líquido produzido pelo fígado que ajuda na digestão das gorduras. Essas pedras podem ser compostas principalmente de colesterol, pigmentos biliares (bilirrubina) ou uma combinação de ambos. A formação de cálculos ocorre quando há um desequilíbrio nos componentes da bile, levando à cristalização e formação de pedras.
Os sintomas de pedras na vesícula podem variar. Muitas pessoas com litíase biliar não apresentam sintomas e podem nunca saber que têm pedras. No entanto, quando os cálculos bloqueiam os ductos biliares, podem ocorrer cólicas biliares, caracterizadas por uma dor intensa na parte superior direita do abdômen, que pode irradiar para as costas ou ombro direito. Outros sintomas incluem náuseas, vômitos, inchaço abdominal, e em casos de infecção, febre e icterícia (amarelamento da pele e olhos).
O diagnóstico da litíase biliar geralmente começa com uma avaliação clínica detalhada e histórico dos sintomas. Exames de imagem são cruciais para confirmar a presença de cálculos. A ultrassonografia abdominal é o método de escolha por sua alta eficácia e não invasividade. Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma tomografia computadorizada (TC) ou uma ressonância magnética (RM) para uma avaliação mais detalhada. Exames de sangue também podem ser solicitados para verificar sinais de infecção ou problemas hepáticos.
O tratamento da litíase biliar depende dos sintomas e da presença de complicações. Para pessoas assintomáticas, muitas vezes não é necessário tratamento imediato. No entanto, quando os cálculos causam dor ou complicações, a remoção da vesícula biliar, conhecida como colecistectomia, é a abordagem mais comum e eficaz. Este procedimento pode ser realizado de duas maneiras:
1. Colecistectomia Laparoscópica: Método minimamente invasivo que utiliza pequenas incisões e um laparoscópio para remover a vesícula. É a técnica mais utilizada devido ao menor tempo de recuperação e menos dor pós-operatória.
2. Colecistectomia Aberta: Utilizada em casos mais complexos ou quando a laparoscopia não é possível. Envolve uma incisão maior no abdômen.
Para pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia, outras opções incluem o uso de medicamentos para dissolver os cálculos (ácidos biliares orais) ou procedimentos endoscópicos para remover ou fragmentar as pedras. No entanto, estas abordagens são menos comuns e geralmente menos eficazes do que a cirurgia.
A prevenção das pedras na vesícula envolve mudanças no estilo de vida e dieta. Manter um peso saudável, evitar dietas muito restritivas ou jejuns prolongados, e ter uma alimentação equilibrada com baixo teor de gordura e colesterol são medidas importantes. A prática regular de atividade física também pode ajudar a reduzir o risco de formação de cálculos.
Em resumo, a litíase biliar é uma condição comum que pode causar dor e desconforto significativos. Felizmente, com avanços diagnósticos e terapêuticos, é possível tratar e prevenir complicações, proporcionando alívio e qualidade de vida aos pacientes. Se você sentir dor intensa no abdômen, especialmente após refeições gordurosas, não hesite em procurar um médico. Detectar e tratar as pedras na vesícula precocemente pode fazer toda a diferença.
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
