Imagine um dia comum, até que de repente, uma dor forte surge na região lombar, como se um punhal estivesse sendo cravado em você. Esse é o cenário típico para muitos que são acometidos pelos temidos cálculos renais, uma condição que atinge cerca de uma em cada dez pessoas ao longo da vida. Mas afinal, o que são essas pedras que o corpo humano, em uma trama bizarra, decide produzir?
Os cálculos renais, popularmente conhecidos como pedras nos rins, são formações sólidas que se desenvolvem a partir de substâncias presentes na urina, especialmente o cálcio e o oxalato. Essas substâncias, que normalmente são excretadas sem problemas pelo organismo, podem se cristalizar e formar pedras quando há um desequilíbrio. O resultado é um verdadeiro quebra-cabeça mineral que pode variar de menos de um milímetro a alguns centímetros.
Os sintomas de cálculos renais podem variar, mas o principal e mais notório é a dor intensa, muitas vezes descrita como uma das piores dores que alguém pode experimentar. Essa dor geralmente começa de repente, na região lombar ou lateral, e pode irradiar para a parte inferior do abdômen e virilha. Além da dor, outros sinais incluem a presença de sangue na urina (hematúria), necessidade frequente e urgente de urinar, náuseas, vômitos e, em alguns casos, febre e calafrios, indicando uma possível infecção secundária.
O diagnóstico de cálculos renais é relativamente direto e pode envolver uma série de métodos. A história clínica e os sintomas relatados pelo paciente são as primeiras pistas. Em seguida, exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou radiografia podem confirmar a presença e localização das pedras. A urina também pode ser analisada para identificar cristais ou infecções e para medir os níveis de substâncias que formam pedras.
Uma vez diagnosticado, o tratamento dos cálculos renais depende do tamanho, localização e composição da pedra, bem como dos sintomas do paciente. Pequenas pedras, com menos de 5 mm, geralmente podem ser expelidas naturalmente com o aumento da ingestão de líquidos e medicamentos para aliviar a dor. No entanto, quando as pedras são maiores ou causam obstrução e infecção, intervenções mais invasivas podem ser necessárias.
Entre as abordagens terapêuticas mais comuns estão:
1. Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO): Utiliza ondas de choque para fragmentar a pedra em pedaços menores, que podem ser eliminados pela urina.
2. Ureteroscopia: Um endoscópio é inserido pela uretra até o ureter para localizar e remover ou fragmentar a pedra.
3. Nefrolitotomia Percutânea: Indicado para pedras muito grandes ou de localização de difícil acesso, envolve uma pequena incisão nas costas para acesso direto ao rim e remoção da pedra.
4. Cirurgia Aberta: Raramente necessária, mas pode ser usada em casos complexos ou quando outras técnicas falham.
A prevenção de novos cálculos é igualmente importante e envolve mudanças no estilo de vida e dieta. Beber muita água é a principal recomendação, pois ajuda a diluir a urina e diminuir a concentração de substâncias formadoras de pedra. Reduzir a ingestão de sal e proteínas animais, bem como evitar alimentos ricos em oxalato (como espinafre, beterraba e chocolate), também pode ser benéfico.
Ou seja, os cálculos renais são um lembrete doloroso de como pequenos desequilíbrios no nosso corpo podem levar a grandes problemas. Com o avanço das técnicas diagnósticas e terapêuticas, é possível tratar e prevenir essa condição, devolvendo qualidade de vida aos pacientes. Portanto, ao menor sinal de dor lombar intensa e persistente, não hesite: procure um médico. Afinal, quando se trata da saúde dos nossos rins, todo cuidado é pouco.
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