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11/06/2024 às 08h00min - Atualizada em 11/06/2024 às 08h00min

José Avelino

ANTÔNIO PEREIRA
José Avelino tinha muitas atividades, mas a que marcou a sua passagem por Uberabinha foi a do mestre. Logo nos princípios do século passado instalou sua escola na rua Guaranys (hoje, Pedro Bernardes). Era uma daquelas escolinhas em prédio improvisado. O Colégio Mineiro. Manteve-a até 1927, quando a transferiu para o prof. José Ignácio de Souza.

José Avelino era excelente orador. Tanto que fez o discurso de saudação ao prefeito Alexandre Marquez quando este instalou o primeiro serviço de água encanada da cidade. Saudou também o coronel Carneiro quando este inaugurou a energia elétrica na cidade em 1909. Em 1911, saudou o presidente do Estado Júlio Bueno Brandão quando de sua visita a Araguari, com rápida estada em Uberabinha, ocasião em que nos prometeu um Grupo Escolar. Certamente José Avelino fez outros discursos circunstanciais maravilhosos.

Foi vereador. Foi jornalista combativo. Cocão. Escrevia no O Progresso do Bernardo Cupertino.

Foi escritor. Em 1920 publicou um livro de crônicas, “Teia de Penélope”. Publicou, também, não sei quando, o romance “João Barriga”. Desse romance se conta a passagem de que, numa viagem de trem, estava na mesma classe que Avelino o grande poeta parnasiano Alberto de Oliveira, autor do soneto “Visita à casa paterna”. Os dois se entenderam e Avelino autografou um exemplar do João Barriga para o poeta.

Em 1920, José Avelino esqueceu um pouco de escola e se entregou ao negócio do zebu. Mas voltou à cátedra. Quando Antônio Luiz da Silveira deixou o Ginásio Mineiro que funcionava no prédio do futuro Colégio Estadual, Avelino instalou ali o seu Colégio Mineiro mantendo o nome anterior de Gymnasio.

Ficou até 1927, quando passou o Ginásio para o prof. José Ignácio de Souza, que era diretor do Grupo Escolar Bueno Brandão.

José Avelino mudou-se para Araguari. Não sei que outras atividades tinha lá além de escrever no jornal O Triângulo (que, mais tarde, Renato de Freitas comprou para ser o arauto do PSD uberlandense).

Nesse jornal escreveu violento artigo contra pessoa que era de sua amizade apesar de adversário político. Dizem que a agressividade desceu a pormenores da intimidade do desafeto.

Diz Lycidio Paes, em crônica publicada em 1972, que Antônio de Carvalho Filho era homem comedido, incapaz de violências, por isso ficou muito surpreso quando soube que ele matou o Avelino.

E é o Lycidio quem nos dá o final da crônica: na Academia Brasileira de Letras, o poeta Alberto de Oliveira registra um voto de pesar pela morte do escritor mineiro a quem elogia pelas qualidades do “João Barriga”.
 
Fontes: Wiliam e Lycidio.


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