08/06/2024 às 08h00min - Atualizada em 08/06/2024 às 08h00min
A vida que sonhamos X a realidade que temos
IGOR CASTANHEIRA
A vida imita a arte, a arte imita a vida, um ditado popular consolidado e que muitos acreditam. Assim, a relação entre a tecnologia e nós, seres humanos, fez com que adaptássemos inconscientemente essa máxima.
A tecnologia cria uma vida que sonhamos e a vida nos faz lutar contra a realidade que temos. Enquanto a arte continua nos mostrando a nossa realidade e a sua pluralidade, fazendo com que ampliemos o nosso conhecimento e nos faça enxergar diversos prismas da mesma situação, a tecnologia nos coloca em uma zona de conforto perigosa, isso não por conta dela, porque na falta inteligência natural.
Onde havia debates, hoje há certezas, onde havia estudo, hoje brotam teorias, onde havia tempo, hoje há escassez, onde faltava conhecimento, hoje há excesso de informações, onde havia um mundo restrito de possibilidades, hoje se tem infinitos caminhos, quando acreditávamos na evolução, hoje já não há essa convicção, onde se pensava no futuro, hoje estamos presos em um passado, não de memórias, mas de um presente de julgamentos, onde o amor era poesia, hoje é fraqueza, onde fazer o bem era bom, hoje é negócio.
Onde tínhamos o direito de errar, hoje as nossas perfeições instagramáveis nos colocam em um império fictício que sempre é desmorona por nossas ignorâncias compartilhadas. Hoje nos alimentamos do virtual, não conseguimos esconder a realidade e não sabemos viver com quem somos.
As nossas fraquezas criaram um mundo paralelo tão fantástico que a nossa poderosa imaginação perdeu lugar para a acelerada vida tecnológica na qual estamos mais próximos, consequentemente, mais perdidos e cada vez mais isolados e fez com que nós nos adaptássemos a ela.
Sem perceber que programamos o que posso chamar de humanidade artificial, onde não haverá inteligência, apenas seres programados com falhas e defeitos que serão ou não consertados por programas igualmente falhos, criado, certamente por um homem imperfeito que se deixou programar.
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