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01/06/2024 às 08h00min - Atualizada em 01/06/2024 às 08h00min

Um pedido de aniversário: um sonho singular e humano

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Em um mundo em que a inteligência artificial grava e normaliza as nossas imperfeições, a nossa evolução natural é inibida em meio às conexões e as novas descobertas científicas. Isso porque estamos criando incontáveis teorias, sem tempo para praticar e validar a sua veracidade.

Com padrões obsoletos e avanços focados em números e novos rótulos, esquecemos de viver. Naturalizamos as nossas essências, damos nomes às nossas particularidades, enfatizamos o nosso medo e enaltecemos a nossa estupidez ao considerar que a nossa inteligência não nos faz evoluir. Ao mesmo tempo em que ela faz renascer o nosso instinto primitivo, no qual a brutalidade nos faz diminuir, excluir ou extinguir o que não é “normal”!

Assim fazemos com quem não se sente pertencente à sociedade. Nós já rotulados com a inferioridade da “deficiência”, estamos em maior desvantagem em relação a outros grupos mais unidos e, por suas razões, também excluídos.

Isso não pode se tornar uma competição, muito menos gerar debates de ódio ou superioridade nas redes antissociais nas quais as teorias, que um dia se tornaram completamente obsoletas, hoje são verdades absolutas que nos mantém em uma falsa zona de conforto e alimenta o ego de quem acha que a sua inteligência é superior à de quem o segue.

Em meio a esse mundo virtual de verdades comprovadas e desmentidas na mesma velocidade, nós os seres humanos reais, em seu processo de emburrecimento coletivo continua a rotular tudo que é novo e desconhecido. 

Sempre com um olhar desconfiado e um ar de superioridade insuportável, preferimos seguir mentindo e inventando mecanismos fictícios em busca de uma igualdade inalcançável.

Tudo isso ocorre só para não admitir a nossa pequenez perante ao pouco que sabemos e ao muito que copiamos. Acreditar que a mudança de uma palavra pode mudar o rumo da humanidade é uma pretensão e um egocentrismo de quem também faz parte desse circo.

Mas se para um grupo de mais de 18, 6 milhões de pessoas uma palavrinha pode mudar, o que está na moda, o “Mindset”, pois elas poderão se compreender únicas e não menores. Essa mesma palavra também pode ser aplicada a todos que não querem ou não se sentem pertencentes a uma sociedade em que todos, de algum modo, são preconceituosos e que, ao caminhar da sua jornada, tem que desconstruir esses padrões para evoluir. É um conceito, mas ele tem que ser aplicado. 

Se a inclusão encontrar a singularidade, talvez a humanidade mude a sua direção e valorize a sua essência humana e coletiva, onde somos capazes de criar belas esculturas e nos ajudar, onde a competitividade dê lugar a cooperação e as diferenças se completem. Um mundo onde o amor não seja apenas uma poesia e, sim, genuíno.

Enquanto as diferenças forem tratadas como deficiências, a inclusão não passará de um sonho que vive de migalhas, assim como a famigerada igualdade.

A singularidade ainda é uma utopia, mas só evoluímos quando aceitarmos que as nossas imperfeições e os nossos medos nos impedem de enxergar que o presente nos faz temer o futuro e que o passado consome o nosso presente, assim em círculos cada vez mais rápidos e destrutivos seguimos.

Quem sabe a singularidade nos força a enxergar novas perspectivas, a abrir novos caminhos e a construir outras estradas. A deficiência está em nós e, por isso, temos uma sociedade deficiente. Mas a nossa singularidade está aí, é só se mostrar e ter coragem, mas faça isso com alegria e amor, simples assim, não conhecemos a singularidade de ninguém, por isso acolha a singularidade do outro. Vamos juntos encontrar a singularidade que nos torna únicos! 
  

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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