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09/04/2024 às 08h00min - Atualizada em 09/04/2024 às 08h00min

Autorizando a Engenharia

ANTÔNIO PEREIRA
Estávamos tomando uma cervejinha, o Roberto Vieira e eu. Era 27 de janeiro de 2003. Ele me disse:

“Queria estudar engenharia. Fiz o vestibular. Passei. Era o mais velho da turma. Logo depois do vestibular veio a Revolução. As escolas que estavam em processo de instalação tiveram esse processo paralisado. Ninguém foi matriculado; não obstante, os alunos se reuniram, formaram o Diretório Acadêmico Genésio de Mello Pereira, DAGEMP, e me elegeram presidente. Recuei, não queria. O pessoal pressionou. Tinha que ser. Era o mais velho, o mais experiente. Aceitando na marra, os alunos, logo em seguida começaram outra pressão. Para que eu fosse falar com o dr. Genésio para que ele providenciasse o início das aulas. ”

Roberto foi ao dr. Genésio que lhe disse:

- Os únicos efetivos nesta Escola são vocês que fizeram o vestibular. Eu estou de passagem. Uma simples Portaria, de um dia para o outro, me tira daqui. Se alguém tem que pressionar o Governo, são vocês.

Roberto levou o recado do diretor aos alunos e eles decidiram ir a Brasília falar com o Ministro da Educação. Aí interferiu a idade e a experiência. Vieira ponderou com os colegas que não seria conveniente. Primeiro porque estavam chegando ao fim de ano e ninguém iria iniciar aulas em fim de período letivo. Depois, estavam diante de uma situação nova, em que os governantes tinham uma grande dosagem de poder e, de repente, irritados pela pressão, e considerando-se que a Escola estava com sua implantação suspensa, o Governo poderia simplesmente não abrir a Escola e distribuir os aprovados em Vestibular pelas várias Escolas do país.  

A rapaziada esfriou o entusiasmo.

Antes do fim do ano, o dr. Genésio chamou o Vieira à sua sala. Estendeu um telegrama e disse-lhe:

- Você reúne os alunos e lê isto para eles.

Roberto leu o telegrama, olhou sério para o dr. Genésio.

- Não. O senhor é que vai ler isso pra eles.

Genésio foi firme:

- Você é que vai ler. Porque você tem alguma coisa a ver com isso. Se esses rapazes fossem a Brasília pressionar o governo talvez isso não saísse.

Vieira reuniu a turma e leu o telegrama do Ministro da Educação autorizando a abertura da Escola.

Fonte: Roberto Vieira


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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