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23/03/2024 às 08h00min - Atualizada em 23/03/2024 às 08h00min

Tempo!

SE MANCA!, por Igor Castanheira

SE MANCA!, por Igor Castanheira

O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.

IGOR CASTANHEIRA
Me dê tempo!
As horas passam
Os minutos contam
Os segundos correm.

Tão pouco e tão rápido
Oh, tempo!
De quem é a culpa?
Você passa e nem liga
Está aqui e ninguém percebe.

Sem necessidade de se envaidecer
Sem compromissos para cumprir
Você é sempre protagonista
Todos te querem
Poucos te entendem
Muitos você sufoca
Outros você ilude
Às vezes você tranquiliza
Raramente você é celebrado
Contudo você nunca é esquecido.

Oh, tempo!
Você deixa marcas
Eterniza histórias
Sejam ela verídicas ou não
você com o seu controle
E no seu momento
Deixa ou cria
Uma nova versão!

Não sei se gosta dessa super velocidade
Estão maltratando você
Fala a verdade!
Tempo!
Você explodiu
Acompanhou e vivenciou
Nossa perfeição
No entanto
Entre verdades e mentiras
Você nunca precisou opinar
Só passou

Sabedor de tudo
Calçou as nossas vergonhas 
Presenciou a verdade
Se entristeceu com a nossa criação
Impulsionou sonhos
E espera incansavelmente 
Por mudanças

Oh, tempo! 
Que tanto sabe
Mudo fica
Enxerga tudo
Com força permanece.

Pensando bem
Você ri de nós
Disfarçadamente ou não
Você tripudia da nossa soberba
Zomba da nossa inteligência
Caçoa da nossa pequenez
Gargalha em cima do nosso poder.

Oh, tempo 
Você sabe o futuro
Controla o presente
Conhece o passado
O que você sente?

Meio inquérito
Desconfortável
E querendo fugir 
O tempo responde

Vi o mundo sem vocês
Vi o mundo antes de vocês
Vi o mundo, segundo vocês, evoluir
Mas também já vi o mundo morrer

Engraçado eu ser chamado de tempo
E vocês não me terem
Estão sempre correndo atrás de mim
Esperando algo 
Guardando o que eu nunca pedi

Eu sou o que de mim inventam
Mas sempre estou aqui
Não adianta dar tempo a mim
Eu sinto o que vocês sentem.

Colocam em mim muita responsabilidade
Deixam pra mim
As suas desculpas
Carregam em mim a suas imperfeições
E me dão de presente
As suas dores
Pouco diluídas
Em raros momentos de êxtase.

Querem saber?
O tempo que tem de mim
É exatamente o tempo que deram a vocês
Eu não preciso evoluir
Talvez, vocês precisam retroceder
Não me gaste à toa
Vocês querem me quantificar
Pegar, apalpar, construir 
Fazer de mim um legado
Para quê?

Já passei por isso!
NADA do que vocês criam é sólido
Tudo se transforma
NADA permanece
Não há perfeição.

A racionalidade que tanto lhes orgulha
É a mesma que lhes matam
Eu no futuro
Posso até saber
Vocês não
No passado 
Já sou obsoleto
E no presente
Sinto medo.

Vocês são estranhos
Se organizam para se separar
Não querem ser iguais
Parem com isso!
Eu sei das suas vaidades
Conheço as suas vontades
Vocês não me enganam.
A sua verdade não é absoluta
A eternidade é uma utopia.

Vocês não me deixam fluir
São egoístas
Me prendem tanto
Pra que?
Agora sou cronometrado
Pouco desfrutado
Muito questionado
E pouco sentido

Sabe por quê?
Porque vocês não sentem mais
Sinto falta
Das emoções genuínas
Do amor sem rótulo
Da bondade sem retorno
Da humanidade como todo.

Apesar de ser como vocês querem
Quando vocês passarem
Quem sabe
Nem o TEMPO eu serei
Mas eu ficarei aqui do início ao fim
Vocês ou, melhor, nós não!



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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