O jornalista Igor Castanheira traz seu olhar sobre temas relacionados a inclusão e acessibilidade.
IGOR CASTANHEIRA
Me dê tempo! As horas passam Os minutos contam Os segundos correm.
Tão pouco e tão rápido Oh, tempo! De quem é a culpa? Você passa e nem liga Está aqui e ninguém percebe.
Sem necessidade de se envaidecer Sem compromissos para cumprir Você é sempre protagonista Todos te querem Poucos te entendem Muitos você sufoca Outros você ilude Às vezes você tranquiliza Raramente você é celebrado Contudo você nunca é esquecido.
Oh, tempo! Você deixa marcas Eterniza histórias Sejam ela verídicas ou não você com o seu controle E no seu momento Deixa ou cria Uma nova versão!
Não sei se gosta dessa super velocidade Estão maltratando você Fala a verdade! Tempo! Você explodiu Acompanhou e vivenciou Nossa perfeição No entanto Entre verdades e mentiras Você nunca precisou opinar Só passou
Sabedor de tudo Calçou as nossas vergonhas Presenciou a verdade Se entristeceu com a nossa criação Impulsionou sonhos E espera incansavelmente Por mudanças
Oh, tempo! Que tanto sabe Mudo fica Enxerga tudo Com força permanece.
Pensando bem Você ri de nós Disfarçadamente ou não Você tripudia da nossa soberba Zomba da nossa inteligência Caçoa da nossa pequenez Gargalha em cima do nosso poder.
Oh, tempo Você sabe o futuro Controla o presente Conhece o passado O que você sente?
Meio inquérito Desconfortável E querendo fugir O tempo responde
Vi o mundo sem vocês Vi o mundo antes de vocês Vi o mundo, segundo vocês, evoluir Mas também já vi o mundo morrer
Engraçado eu ser chamado de tempo E vocês não me terem Estão sempre correndo atrás de mim Esperando algo Guardando o que eu nunca pedi
Eu sou o que de mim inventam Mas sempre estou aqui Não adianta dar tempo a mim Eu sinto o que vocês sentem.
Colocam em mim muita responsabilidade Deixam pra mim As suas desculpas Carregam em mim a suas imperfeições E me dão de presente As suas dores Pouco diluídas Em raros momentos de êxtase.
Querem saber? O tempo que tem de mim É exatamente o tempo que deram a vocês Eu não preciso evoluir Talvez, vocês precisam retroceder Não me gaste à toa Vocês querem me quantificar Pegar, apalpar, construir Fazer de mim um legado Para quê?
Já passei por isso! NADA do que vocês criam é sólido Tudo se transforma NADA permanece Não há perfeição.
A racionalidade que tanto lhes orgulha É a mesma que lhes matam Eu no futuro Posso até saber Vocês não No passado Já sou obsoleto E no presente Sinto medo.
Vocês são estranhos Se organizam para se separar Não querem ser iguais Parem com isso! Eu sei das suas vaidades Conheço as suas vontades Vocês não me enganam. A sua verdade não é absoluta A eternidade é uma utopia.
Vocês não me deixam fluir São egoístas Me prendem tanto Pra que? Agora sou cronometrado Pouco desfrutado Muito questionado E pouco sentido
Sabe por quê? Porque vocês não sentem mais Sinto falta Das emoções genuínas Do amor sem rótulo Da bondade sem retorno Da humanidade como todo.
Apesar de ser como vocês querem Quando vocês passarem Quem sabe Nem o TEMPO eu serei Mas eu ficarei aqui do início ao fim Vocês ou, melhor, nós não!
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.