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20/02/2024 às 08h00min - Atualizada em 20/02/2024 às 08h00min

Bem tombado: Folia de Reis  

ANTÔNIO PEREIRA
Nas festas de Reis, logo depois do Natal, aqui, na nossa região, cada grupo possui nove a doze foliões. Às vezes, mais. São festas de fé e esperança na proteção divina. Os participantes são: embaixador, mestre ou capitão (que é o tirador da folia), contramestre (segundo capitão), alferes e bandeireiro mais os cantores e músicos que tocam viola, violão, sanfona, cavaquinho, pandeiro, chocalho e caixa. A caixa é que avisa com suas pancadas fortes ao dono da casa que a folia está chegando. Tem também o Palhaço cuja existência seu Enercino da Folia Pena Branca explicava dizendo que eles divertiam os “herodes” para Nossa Senhora fugir com seu filho.

Nos velhos tempos, as folias saiam no Natal e voltavam no dia de Reis.  Quando chegavam nas fazendas, era aquela festa. Pousavam na própria sede ou nos paióis, dependendo do espaço disponível. Mas, antes do descanso, tinha catira, pagode, truco, comilança etc... Hoje, os foliões dão um jeito de pousar em casa e recomeçar a jornada no dia seguinte.

Antes de sair, bem cedinho, o pessoal se reúne na casa do Capitão. Rezam o terço e tomam uma beberagem mística feita de cachaça e raízes que serve para fechar o corpo. É assim na Folia Pena Branca, a mais antiga da cidade. Esse fetiche inicial talvez seja remanescente do tempo em que não havia paz entre as Folias. 

Quando uma se encontrava com a outra, entravam numa disputa que chegava às raias da violência. Primeiramente brigavam nos versos. Uma folia cantava a metade de uma estrofe e esperava que a outra completasse. Quando uma delas titubeava, começava a pancadaria. A vencedora na cantoria invadia a outra tentando arrebatar bandeira, instrumental e as esmolas recebidas.        

Segundo a crença dos foliões, os Reis Magos eram músicos e tocavam caixa, pandeiro e viola. A Folia faz sua “viagem” para anunciar a chegada de Jesus Cristo. Eles cantam e dançam porque Jesus chegou com alegria.

As folias vieram da Europa onde surgiram na Idade Média quando se trasladaram os restos mortais dos supostos Reis Magos para a Catedral de Colônia, na Alemanha. Foram os portugueses que as trouxeram para cá, onde se ajustaram com formações às vezes diferentes. São manifestações católicas enriquecidas por crenças folclóricas. São parte da cultura popular brasileira.

Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, “a Folia de Reis é uma homenagem aos três Reis Magos, anunciadores do nascimento do Menino Jesus. Ela é composta por grupo de cantadores e instrumentistas que representam a jornada cumprida pelos três Reis Magos, ou simplesmente Santos Reis para seus devotos do Oriente a Belém até o encontro com o Menino Deus para saudá-lo”. 

Existem 40 folias de Reis no Município de Uberlândia, se já não houver mais. Elas foram tombadas como Patrimônio Imaterial Municipal pelo Decreto n. 16.836, de 23 de novembro de 2.016.
 
Fontes: Enercino João da Cruz, Secretaria Mun. Cultura.     



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